Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Solidão


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Congelavam-me
os olhos
quando estendia
para ti
as minhas mãos vazias...
Talvez já aguardasse
a amarga solidão
que são estes meus dias...

Maria Helena Amaro
Braga, março, 2011

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Dor


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Alguém quis destruir o nosso Amor...
Abandono? Traição ou adultério?
Na nossa vida foi caso muito sério:
hipocrisia, desaire ou despudor?...

A promessa da vida foi valor
da harmonia; a paz foi refrigério;
a sensação de infâmia, vitupério
tornou-se numa chaga, espanto e dor.

Desvairo, desilusão, tortura,
um pedaço de negra desventura,
no caminho da vida sem escolhos...

Mandou Deus para nós essa amargura
foi sol de muita força, pouca dura
porque nunca toldou os nossos olhos.

Maria Helena Amaro
Agosto, 2010



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Vazio


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Já nada vive.
Nada ilumina
crepita
fala ou mexe.
Tudo se foi
na hora derradeira...
Porque já não estás
à minha beira,
ficou comigo o teu sorriso
desenhado na alma
a vida inteira.

Maria Helena Amaro
19 de novembro de 2010

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Pausa


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

A dor tornou-se espanto...
O riso fez-se pranto...
O sonho desencanto...
E aqui
neste meu canto
se me deito
ou me levanto
é sempre o mesmo quebranto:
rezar a tudo o que é santo
Só por ti e só por ti
que te cubra com seu manto...
Que eu,
que eu, aqui neste recanto
ainda não te esqueci.

Maria Helena Amaro
1 de novembro de 2010

domingo, 27 de dezembro de 2015

Barco


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Coração barco encalhado,
em praias de nostalgia,
dia e noite alpendurado
em marés de rebeldia.

Coração barco ancorado
da velha areia não sai...
Vai ficar desmantelado...
onda vem... e onda vai...

Coração barco apressado
junto à negra penedia...
do farol enfeitiçado,
à mercê da ventania...

Há de Deus trazer-lhe o leme
numa noite de luar...
Coração que tanto geme
será barco a navegar...

Maria Helena Amaro
Esposende
Janeiro/2014

sábado, 26 de dezembro de 2015

Inverno


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Lavei, lavei nessa água,
lavei na água do rio,
lavei, lavei minha mágoa,
à noite, cheiinha de frio...

Lavei, lavei nessa água
lavei na água do rio...
na noite enchi-me de mágoa,
a alma cheinha de frio...

Surgiu a noite estrelada,
ainda eu lavava no rio,
alma de dor ensopada,
coração cheinho de frio...

Maria Helena Amaro
Janeiro, 25/01/2011
(Dedicado à Amália Rodrigues - fadista)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natal


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

«Natal todos os dias...» É verdade,
que Jesus nasceu para todos nós,
mas este Natal é uma saudade,
que não se pode contar de viva voz!

Maria Helena Amaro
Natal, 2010

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal (Anjo de Natal)


(Fotografia de António Sequeira)

Sou muito pequenina
e não sei ler
Quando  for crescidinha
a história da avó,
quero saber.
Entretanto,
eu vejo o Pedro António
a escrever,
o Francisco a ler,
o Papá e a Mamã
a fazer
a papa que vou comer...
Porque afinal
sou Anjo de Natal!

Maria Helena Amaro
(Dedicado à neta Bia)
Natal, 2010

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Romance (1961 - Junho)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Tão belo com  Deus - pensava eu
ao descobrir o teu rosto moreno,
o teu olhar tão terno e tão sereno,
com insistência, à procura do meu.

Atordoada, nesse doce momento
retribuía a medo o teu sorriso...
Gritava a alma: "Menina, tem juízo!"
Gritava o corpo: "Meu Deus que encantamento!"

Amar ou não amar - era a questão.
Dizer ou não dizer - era o pensar
Ceder ou não ceder - era a razão.

Mas um dia não soube dizer não.
Deixei-me perder no teu olhar
e perdi para sempre o coração.

Maria Helena Amaro
Esposende, Suave-Mar, Agosto 2010. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Memórias


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Choraram os meus olhos...
a alma estremeceu...
por muito que amei,
eu esqueci...
Um punhado de abrolhos,
mas eu sei,
que o melhor de ti
foi meu...

Emudeceu meu rosto
a vida estarreceu
por muito que te amei
eu me perdi...
destinos se cruzaram
noutro destino ateu...
mas eu sei
que o melhor de ti
foi meu...

Maria Helena Amaro
13/08/2010 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Memória - 1957 - 1961


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Vinham as tuas cartas... Eu sorria,
mas tinha medo do «sim» ao responder...
E perguntava a Deus: «Que hei de fazer?»
Mas Deus, enfim, não respondia.

Então ficava de olhos alongados,
a descobrir-te além do oceano...
Cada dia, cada mês e cada ano,
em viagens com fins ignorados.

O teu regresso era quase incerteza,
o teu amor era apenas miragem,
a tua ausência verdade anunciada...
«Amar ou não amar», subtileza
Esperar... Não esperar... ? Mera chantagem...
Quando voltaste tudo foi alvorada!

Maria Helena Amaro
12/08/2010

domingo, 20 de dezembro de 2015

Menina (Fina)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Desde menina
trazias espelhado no rosto
o desejo incoerente e rude
de conquistar a vida...
Se lutaste sem fé,
perdeste o estro e a espada,
porque foste vencida
e não te resta nada...



Maria Helena Amaro
23/11/2010

sábado, 19 de dezembro de 2015

II Memória - Agosto 1962


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Comunicava contigo o tempo inteiro,
e pedias que fosse do teu lado,
no teu passo tão leve, tão ligeiro,
na orla do mar sempre agitado.

E, eu lá ia, a tentar seguir-te,
no meu andar sereno e arrastado.
«Devagar... devagar...» sempre a pedir-te,
alma aflita e coração cansado.

Então sorrias, dizias divertido:
«- Sem queixinhas, sem penas e sem mágoa,
só mais um pouco, não quero ouvir gemido,
faz um pouco de esforço para vencer a água...»

Sempre foi assim a nossa vida,
eu ao teu lado a caminhar depressa
porque a vida fugia sem parar...

Ventura, com esforço, conseguida,
com rigor, com ternura, com promessa,
mas sempre conjugando o verbo Amar!

Maria Helena Amaro
Agosto, 2010

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

I Memória - 1961 - Agosto


(Fotografia de António Sequeira)

Era tão jovem, carente, tão menina,
tão ciosa de sonhos e desejos,
que me assustavam de todo esses teus beijos,
e as promessas de ventura divina.

"Prender ou não prender" era a questão
e todo o dia perguntava ao destino,
se o meu coração dito peregrino,
iria ter, enfim, uma prisão.

O que achaste em mim, não quis saber.
Era já grande a dor de te perder,
de me trocares por um sonho ligeiro.

Sem condições vivi a minha sorte.
E mesmo agora depois da tua morte,
és para mim o meu amor primeiro.

Maria Helena Amaro
Esposende, agosto de 2010

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Silêncio (2010)


(Fotografia de António Sequeira)

Gostava de compor
o mais belo poema de todos os poemas...
Gostava de cantar
a mais bela de todas as canções...
Não sou capaz.
Remeto-me ao silêncio
das coisas apagadas
e só consigo
ler e meditar
o meu pequeno livro de orações,
em noites sossegadas.

Maria Helena Amaro
16/11/2010 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Presente (2010)


(Fotografia de António Sequeira) 

Deixo-me levar pela magia...
A tua morte não pode ser tormento
A tua morte será aleluia

Vejo-te vivo no meu pensamento:
na noite, na tarde, todo o dia,
és o senhor que não perdi no tempo.

Também me vês, eu sei, eu acredito,
nesse lugar de luz de azul bendito,
esperas por mim na voz do vento.

Maria Helena Amaro
15 de agosto - 2010.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Carta (2011)


(Quadro a óleo da autoria de  Maria Helena Amaro)

Houve uma carta
que nunca escrevi
porque, em amor eu era analfabeta...
Houve um poema,
que nunca te mandei,
porque perdera a alma
de poeta...
Hoje,
não sei porquê...
Escrevo para ti
cartas que ninguém lê...

Maria Helena Amaro
Janeiro, 2011


domingo, 13 de dezembro de 2015

Carta


(Quadro a óleo da autoria de Maria Helena Amaro)

Estás aqui comigo o dia inteiro
e queres ver-me feliz em cada hora,
mas, eu pergunto: porque foste embora,
e me deixaste em rude cativeiro?

Sinto que és um anjo mensageiro,
que vigia, que ampara, que me adora,
mas, por ti a minha alma chora
e procuro o teu olhar fagueiro.

Tornou-se a vida uma porta fechada,
a que bato, na noite, angustiada
à procura de uma luz que perdi...

Vivo assim, sozinha, emparedada,
à espera de certa madrugada,
que me leve, em paz, ao pé de ti!

Maria Helena Amaro
Esposende
Agosto, 2010 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Saudade (2015)


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Da vida que vivemos,
não quero recordar,
a dor, o desalento, o prejuízo...
De tudo que vivi,
nada ficou,
na pobreza da minha soledade
apenas restou,
o teu sorriso...

Maria Helena Amaro
Janeiro, 2015.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Conversas


(Quadro a óleo da autoria de Maria Helena Amaro)

Eu falava... e tu dizias: «Caladinha!»
E eu calava, sorrindo, obediente,
sempre da tua fala dependente,
pondo de lado, a fala que era minha.

E se eu calava, tu logo me dizias:
- perdeste o radar ou rompeu-te a cassete?
Brincavas sempre... Que grande diabrete,
sempre disposto a motejo, arrelias!

Eram tempos de alegria e sonhos,
nossos rostos, tão jovens e risonhos,
diziam de nós a toda a gente:

Felizes são! Felizes e fagueiros,
sempre alegres, serenos, prazenteiros,
- felicidade, harmonia presente!

Maria Helena Amaro
Agosto, 2010

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Romance (2010)


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Foi este mar testemunha desse amor...
Dessa ternura que havia em teu olhar
e, eu tonta sempre a recear
que não passasse dum sonho sem valor. 

Dias e dias com o sol a queimar
os nossos corpos estendidos na areia...
Maré alta... Maré rasa... Maré cheia...
Tantas conversas, as ouviu o mar!

Então, um dia, meu coração cedeu,
acreditou que o destino era teu
e que tu eras o meu par escolhido...

Unimos nossas mãos numa só vida...
A nossa praia foi rota prometida,
dum grande amor que não foi esquecido!

Maria Helena Amaro
05/08/2010
Esposende

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Mar


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Olho o mar; o mar é meu,
perto do mar eu nasci...
numa terra,  aqui, aqui...
sob um pedaço de céu...

A terra que Deus me deu,
deu-me um amor que perdi,
amor que nasceu aqui,
perto do mar que é só meu

A areia sabe de cor
essa historinha de amor,
que o mar quis festejar...!

No tempo que já morreu
tive o amor todo meu,
amor que me deu o mar...

Maria Helena Amaro
Esposende
4 de agosto de 2010

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Destino (2010)


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Metade do meu corpo foi contigo
e à míngua ficou outra metade
mergulhada em lagos de saudade,
encostada a um porto sem abrigo.

Navegar sem ti eu não consigo...
Não voltarás... Amarga essa verdade...
Estou sem ti... Sou toda soledade...
Tornou-se a vida estrada de castigo.

Tão duro não sentir o ombro amigo!
É o que penso, o que choro, o que digo
no arrastar da vida sem piedade...

Fecho-me toda; é o mundo, é o perigo,
é percorrer caminhos que não sigo,
pois só anseio achar essa metade.

Maria Helena Amaro
Esposende
3 de agosto de 2010

domingo, 6 de dezembro de 2015

5º Aniversário (Mês de Julho)


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro) 

Quisera ser cipreste. Colibri,
suspenso na cruz desse cemitério;
Seria para mim um refrigério
adormecer, na campa, ao pé de ti.

Mas não fui, não sou e nem serei
mais do que uma barata entontecida
a procurar no pó sinais de vida
d' alguém que na terra tanto amei.

Procuro a tua alma... onde está, onde?
na minha busca toda ela se esconde...
Em que Paraíso etéreo te deténs?

Na mão de Deus procura essa metade
que foi contigo, e na minha saudade
numa dança de Amor tu vais e vens!

Maria Helena Amaro
26 de julho 2010

sábado, 5 de dezembro de 2015

Memórias


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Deslizava o carro lentamente
pela marginal até ao mar...
Ias a sorrir, a conversar...
Tantos projetos tínhamos em mente!

Eu escutava, serena, paciente,
confiante no teu saber e gosto
Vinham os teus dedos afagar-me o rosto
numa carícia enternecida e quente.

Ficávamos assim horas perdidas,
o mar era o sal das nossas vidas
e o Amor a nossa embarcação...

Horas tão ternas não serão esquecidas
O mar gravou-as em ondas repetidas,
ai essas horas, não se esqueçam, não!

Maria Helena Amaro
Julho, 2010

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Deserto


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

A vida é um deserto que atravesso
mãos cheias de silêncio e de saudade,
de tristeza, de mágoa, soledade
que não quero, não aceito, não mereço.

No tear das minhas mãos eu teço rendas,
a preencher o tempo que se esvai,
mas o teu nome do meu peito não sai,
e nesta vida é a melhor das prendas.

Não mais te esqueço, jamais te esquecerei
tão grandes anos aqueles que te dei,
tanta ventura que vivemos, que vivi...

Peço a Deus coragem e clemência,
para suportar em paz a tua ausência
até que a morte me leve para ti.

Maria Helena Amaro
Julho, 2010

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Vento


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Ó vento que beijasflor
não me batas na vidraça,
que eu penso que é meu amor
que na minha rua passa...

Ó vento que és frescor,
não me batas na vidraça,
que eu penso que é meu amor
que me chama e que me abraça.

Ó vento tu gemes tanto
no meio do arvoredo.
Vens recordar o meu pranto,
minha dor e meu segredo.

Ó vento cantas aurora
no cume da madrugada.
Vens lembrar-me a toda a hora
esta vida estagnada.

Maria Helena Amaro
Julho, 2010.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Natal (Mensagem 2010)


(Quadro a óleo de Maria Helena Amaro)

Houve um dia repleto de sol,
de alegria, de harmonia e paz...
Houve um dia em que a terra inteira
cantou loas de amor e luz...
Talvez fosse no dia
em que nasceu Jesus!

Maria Helena Amaro
Natal, 2010