Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Janela aberta


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Abro a janela da vida. Entra a luz.
Vem dispersar a minha escuridão
Vem avisar-me que o Sol ainda reluz
Vem povoar a minha solidão.

Digo sim, digo não, digo talvez
Talvez a luz do sol tenha razão
Abro a janela e sei que tu me vês
Marcas presença neste meu coração

Não me deixes só. Fica comigo.
Pede a Deus a forma, a força, a vida
Vem na luz do sol ou do luar.

Fico à espera. Nos poemas que digo
Não há sequer adeus ou despedida
Há uma esperança tão longa como o mar...

Maria Helena Amaro
19/09/2012 

quarta-feira, 30 de março de 2016

Esperança


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Não chores, irmã, não chores mais
As tuas lágrimas são águas salgadas
O teu rosto parece um velho cais
As tuas mágoas tornaram-se jangadas.

Não mergulhes na dor, no desengano
O sol regressa depois da noite escura
Cada dia, cada mês e cada ano
Há sempre esperança num pouco de ventura.

Não chores mais, irmã, não chores mais
As dores deste momento são banais
comparadas com as dores da despedida.

Quando a maré da dor estagnar
talvez possas ainda celebrar
as doces horas que te darão vida.

Maria Helena Amaro
Foz de Arouce, 16/09/2012

terça-feira, 29 de março de 2016

Menina do café


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Rosto oferecido
à brisa que passa,
olhos cerrados
em íntimo deleite...
A chávena tombada.
No seu vestido branco
enorme nódoa de café com leite.

Moço embeiçado
com riso de carícia
beijo ensaiado
que nunca é aceite...
A chávena tombada.
No seu vestido branco
enorme nódoa de café com leite.

Menina tenha tento
não se fie
não vá atrás desse riso
não se deite...
A chávena tombada.
No seu vestido branco
enorme nódoa de café com leite.

Menina do café
um amor mais sério
não rejeite...
Deixe passar a brisa...
O beijo não aceite...
A chávena tombada.
No seu vestido branco
enorme nódoa de café com leite.

Maria Helena Amaro
Lousã, 16/09/2012 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Lenda


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Não indago quanto amaste, quanto amei,
qual de nós amou mais ou amou menos.
Sei apenas que a ti toda me dei
nos momentos mais duros que vivemos.

Nas estradas que contigo partilhei,
entre risos e mágoas que sofremos,
sempre do teu lado me encontrei.
Discutimos, perdoámos, esquecemos.

Revejo os nossos filhos. Prémio santo!
Que Deus os cubra com seu divino manto
e nos guarde no céu os que perdemos...

Morreu a lenda. Sou como o cisne branco
no lago da saudade já não canto.
A morte é vida. Então, porque morremos?

Maria Helena Amaro
Foz de Arouce, 15/09/2012

sexta-feira, 25 de março de 2016

4 de março


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Serenidade...
O céu, as nuvens,
a cinza da estrada,
a verde da campina
o escuro dos montes...

Serenidade..
É tudo tão igual
tão estéreo
tão silencioso
que eu não sei
se estou no meio do silêncio
ou na doçura
do meu entardecer...
em Sete Fontes.

Maria Helena Braga
Braga, 4 de março de 2012

quarta-feira, 23 de março de 2016

Mensagem

 

(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Por favor, não fales mais...
As palavras que usas são pedradas
que atiras às pessoas espantadas,
são como tiros que não se esquecem mais.

Por favor, não te expresses mais.
Guarda para ti as garras afiadas
por que te exaltas por pequenos nadas
porquê viveres atitudes boçais?

As pessoas que se exaltam são banais
caminham sós por estranhas estradas
as rixas delas são meros vendavais.

Por favor, não, não grites mais.
Usa palavras serenas sossegadas...
Deixa que o vento leve os temporais.

Maria Helena Amaro
Agosto, 2012 

terça-feira, 22 de março de 2016

Encontro


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Vens ter comigo na quietude do rio,
que se estende sereno, sossegado,
à mercê do sol, do vento frio,
de Esposende, eterno namorado.

Vens ter comigo. Não prometes ficar...
Numa saudade andas embarcado.
Na minha vida ocupas um lugar.
Morres comigo na sombra do passado.

Uma onda te trouxe. Uma outra te levou.
Do que era contigo nada sou.
Nada quero, nada tenho, nada anseio.

A nossa barca de amor já naufragou.
Está comigo naquilo que sobrou...
Versos... Só versos... Que sonho, escrevo e leio.

Maria Helena Amaro
Esposende, 20 de julho de 2012.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Carta de férias


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Gostaria de ter passeado
contigo de mão dada
mais vezes
nas ruas de Esposende...
Gostaria que soubesses
como fui feliz
naquela manhã
em que me disseste:
Pede-me o que quiseres...
E não te pedi nada
porque já tinha tudo,
porque te tinha a ti...
Gostaria que soubesses
que quando te perdi
porque Deus não atendeu
os meus pedidos...
Ficou esta carta por escrever
Este poema por declamar
porque não estava ao pé de ti...
Doloroso é partir e não voltar!

Maria Helena Amaro
Esposende, 20 de julho, 2012



quarta-feira, 16 de março de 2016

Aniversário (2012)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Não me falem daquele mês de julho,
em que selamos, no altar, o nosso amor
Dia de luz, de riso, de calor.
Sorriam os meus pais cheios de orgulho.

Não me falem do meu vestido branco
cheio de renas, do meu belo toucado.
Noiva virgem e noivo enamorado,
de mãos unidas a semear encanto.

Não me falem das rosas sobre a mesa,
da verdade, da ternura, da certeza,
do futuro, da terra prometida...

Não me falem dos anos que passaram,
dos sonhos que os desgostos nos roubaram,
não me falem da morte/despedida.

Maria Helena Amaro
julho, 2012

segunda-feira, 14 de março de 2016

Bailai ...


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Bailai, bailai, nas asas do vento
enquanto a maré cheia se esvazia
sob o céu azul do firmamento
onde o sol rubro se despede do dia.

Bailai, bailai nas asas do vento
sobre a viscosa e magra penedia
quando as gaivotas chamam o mau tempo
e o mar é noite, sossego, nostalgia.

Bailai, bailai nas asas do vento
quando as ondas são montes de agonia
e lembram horas de terror e de tormento

Bailai, bailai, nas asas do vento
depois da noite há de vir alegria
no sol nascente doce, sereno, lento...

Maria Helena Amaro
Esposende, 21/08/2012

domingo, 13 de março de 2016

11 de junho (A meu pai)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Meu pai fazia anos neste dia
e toda a casa se cobria de festa.
- Fazer anos, com tristeza, não presta -
Dizia minha mãe com alegria.

Meu pai, muito calado, só sorria...
Ao receber presentes, parabéns...
Indiferente a riquezas, honras, bens;
Muito obrigado! Ternamente, dizia.

Meu pai já não faz anos,  já não vive.
Achei tão breve a presença que tive.
Sinto saudades do seu doce aconchego.

Olho o retrato - murmuro: Tão bonito!
Tão humano, tão justo! Eu acredito,
que foi em Deus que encontrou sossego!

Maria Helena Amaro
11/06/2012



sexta-feira, 11 de março de 2016

Março


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Abro a janela. O sol está tão doce!
Quero que entre e inunde a minha casa.
Traga com ele o bater de uma asa
e me recorde as manhãs de Foz de Arouce.

Tão longa é a distância e o caminho,
tão desigual o sol em aguarela,
que este abrir e fechar da janela,
provoca em mim desencanto mesquinho.

As rosas já abriram perfumadas...
Mas a chuva tornou-as tão meladas,
tão caídas, coisas da tesoura...

A chuva doce tem as suas ciladas.
Toda me molha em tardes repousadas
Mas vem o sol. Todo ele me doura.

Maria Helena Amaro
Junho, 2012

quarta-feira, 9 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 – XVIII


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Dou um salto às Fontainhas.
Compro um balão na Ribeira.
Nas rusgas de chinelinhas,
sou a melhor cantadeira.
Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Fado

terça-feira, 8 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XVII


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Na noite de S. João
não fecho portas, janelas,
pode ser que algum balão
espreite... e entre por elas.

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Janela.

segunda-feira, 7 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XVI


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Fui matar a minha sede
à fonte de S. João...
Encostaste-me à parede.
Não matei a sede, não!

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Sede.

domingo, 6 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XV


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Está tão pobre este país!
Alegria? Já não presta!
Até S. João já diz:
- Ouçam lá, eu quero Festa!

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Festa

sábado, 5 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XIV


(Ilustração de Maria Helena Amaro)



Na noite de S. João,
não há crise para quem ama.
Anda amor de mão em mão,
quer na mesa, quer na cama.

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria João. 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Visita


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Bate a porta… Já ouço umas passadas…
Tu vais sentar-te no longo cadeirão.
Lês o jornal com toda a devoção.
Fazes com gosto as palavras cruzadas.

Vais pedir-me que traga um copo de água.
Que me sente no sofá junto à janela.
Que pinte um óleo, que pinte uma aguarela.
Que te sorria com ternura, sem mágoa.

Ficas a ouvir a «Rádio Sim» em paz.
Boa música… que bem ela te faz!
É portuguesa e sul-americana…

Horas serenas, horas, boas e más,
Fica connosco amor, não te vás.
Fica comigo no sonho que me engana!

Maria Helena Amaro
Braga, fevereiro 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XIII


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Os teus olhos meu amor,
na noite escura a luzir,
são faróis cheios de cor,
alcachofras a florir...

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Alcachofra

terça-feira, 1 de março de 2016

84º Concurso de Quadras de S. João JN 2012 - XII


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Ando morta por casar!
Ansiosa que me escolhas!
S. João vai-me encontrar
um trevo de quatro folhas.

Maria Helena Amaro
Pseudónimo: Maria Trevo