Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

domingo, 29 de março de 2015

Sonhar


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Eu tenho um medo imenso de sonhar
Mais esta ilusão, tão tentadora...
Mas... Meu Deus! Bendita a hora,
em que tive a dita de o amar...

Amá-lo? Não. Sei que não é amor
É o começo duma grande ilusão,
de mais um espinho, duma rosa em botão
que murchará antes de ser flor!

Ando a espalhar no mundo ao meu redor
aquela luz que Deus me ofereceu
quando minha alma sã desabrochar...

Pobre de mim! A todos dou Amor
e para mim guardo um sonho ateu...
Um sonho? Não. Um sonho já eu sou...

Maria Helena Amaro
12/11/1954

sábado, 28 de março de 2015

Fantasmas


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Aquelas ilusões que eu sonhei
com fantasmas que por mim passaram
A verdade as matou, eu as enterrei
e os meus olhos para elas se fecharam...

Esses fantasmas que eu amar julguei
foram para mim pesadelos de dor
julguei amá-los! Oh! Bem me enganei
porque p´ra mim não nasceu o Amor!

De todos eles no meu peito eu guardei
doces lembranças que eles me deixaram
e com as quais ainda os recordei...

Tentei esquecê-los... Eles me recordaram
que outrora lhes quis fora da lei
daquele amor, que outras lhe negaram...

Maria Helena Amaro
12/10/1954



quarta-feira, 25 de março de 2015

Ainda te quero


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Ainda te quero... na cinza que ficou
No fundo das chamas em que ardi
A minha alma ainda fala de ti
e eu recordo o tempo que passou...

O tempo foi; com ele velozmente
amor e amor passaram por nós dois...
E eu fiquei, porquê, Amor, depois
a amar-te, como outrora, sempre?

Um amor sem esperança sei-o bem
Um amor, um sonho, uma loucura...
É tudo, p´ra mim só amargura
e para ti, Amor, quem sou? Ninguém!


Maria Helena Amaro
1/01/1953

domingo, 22 de março de 2015

Madrugada


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Escrevam a palavra madrugada.
Sabe a luz, sabe a cor e sabe a cedo.
A palavra tem sabor e tem segredo.
É cetinosa, serena, iluminada.

Tem o doce frescor da alvorada.
Ou do mar brando batendo no rochedo.
Não causa dor, nostalgia ou nada.
É como o voo feliz da passarada.

Escrevam-na lentamente com o dedo.
No papel, na areia e no penedo.
Façam dela meandros de poesia...

Madrugada sabe a cor não tem enredo.
Madrugada é liberdade sem degredo.
Deus inventou-a ao inventar o dia!


Maria Helena Amaro
15/03/2015

sábado, 21 de março de 2015



O Dia Mundial da Poesia celebra-se, hoje, dia 21 de março. Este dia foi criado na XXX Conferência Geral da UNESCO, em 16 de novembro de 1999. 

O propósito deste dia é promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia em todo o mundo.

Bem hajam todos os poetas que recriam a realidade, em cada dia da nossa existência, e nos ajudam a sonhar o mundo.

Boas leituras!


Mãe


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Tu és a estrela que Deus pôs
na minha vida cheia de desatinos
e quando  ouço, ó Mãe, a tua voz
julgo ouvir ao longe a voz dos sinos...

Quando a minha alma busca a escuridão
do desespero, da vida insatisfeita...
És tu, ó Mãe, que me tomas a mão
e que me indicas a estrada perfeita!

Quando me embalas nos teus braços
quantas vezes me cantaste com ternura
sonho sem fim que ingrata esqueci

E és tu ainda que guias os meus passos
neste mundo onde vejo só loucura
e onde me perco se estou longe de ti!


Maria Helena Amaro
21/06/1954

domingo, 15 de março de 2015

Distância


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Os meus braços já estão cansados
de acenar para a imagem do passado
Os meus olhos estão tristes, parados
O meu peito dorido, magoado...

E passam os anos uns após os outros,
mais breves, mais velozes do que o tempo,
enquanto eu aceno, em gestos semi- loucos
a um sonho que é do esquecimento.

E lá longe a longínqua  distância
ainda vejo o vulto do meu sonho
O eco de uma voz toda quimera...

E lá longe eu vejo a minha infância
envolta num véu muito tristonho,
sem a luz e a cor da primavera!


Maria Helena Amaro
21/06/1954

sábado, 14 de março de 2015

Despedida



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Eu vou partir... Bem triste é a partida
Quando a alma de desfaz em amargura
Quando há prantos na breve despedida
e a nossa vida recomeça... continua...

Eu vou partir... Vossas capas velhinhas
são lenços negros a tremular ao vento
são tais alegres, escuras andorinhas
tristes e belas esquivas como o tempo!...

Eu vou partir... Meu triste coração
fica escondido no álbum da saudade
que alguém guardou deste velho liceu...

Mas eu bem sei que a minha mocidade
fica enterrada na fria escuridão
dos meus tempos já moços, sonho meu!


Maria Helena Amaro
21/06/1954