Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Mãe


(Fotografia de António Sequeira)

Mãe
palavra pequenina
que aprendi a dizer
a ler
a escrever
ainda era menina...
Ficou comigo
cantada ou soletrada
em poemas de amor...
Mãe
mulher - amar
mulher - bem - querer
mulher - fazer
mulher - sofrer...
Mulher, sempre mulher
a toda a hora
Mãe violada
maltratada
espoliada
traída
mal amada
incompreendida
espiolhada
espancada
violentada
amada
idolatrada
bendita
abençoada
louvada
distinguida
Será sempre
mulher
mulher e mãe
E será sempre Mãe
Mãe
somente Mãe
nunca será mais nada!

Maria Helena Amaro
Maio, 2014


quarta-feira, 18 de outubro de 2017


(Fotografia de António Sequeira)

Não irei. Não vou nesse caminho,
dos que renegam o nome de Jesus.
Andam ceguinhos à procura de luz,
o corpo em fogo, a alma em desalinho...

Não vou com eles. Não consigo ir...
Eu me recuso a caminhar em vão.
Levo certezas na palma da mão...
É a cruz de Cristo que eu quero seguir

Venha comigo quem quiser cantar.
Quem acredita numa vida melhor
Quem é senhor de esperança e bondade

Não irei só, porque irei a rezar.
Fé e Esperança me levam com amor
Encontro rios de luz e de verdade.

Maria Helena Amaro
Maio, 2014

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Parabéns


(Fotografia de António Sequeira)


Desfolhei um malmequer
numa manhã, muito cedo
Desfolhei... sem o saber,
nasceu o meu filho Pedro.

Surpresa muito bendita,
filho de um amor seguro,
tive uma oferta bendita,
um medalhão d'ouro puro.

Já não tenho quem mo deu,
já não sinto a sua mão,
mas tenho um filho que é meu
para trazer no coração.

Uma frase me consola,
do papá, bem divertida,
tu foste o tal totobola,
que saiu na nossa vida.

Por tudo o que és e tens,
aqui ficam os parabéns!

Maria Helena Amaro
Abril, 2014

domingo, 15 de outubro de 2017

Caminhadas


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro)

Faço caminhadas em busca do passado
nas estradas sinuosas de Esposende.
Vou em busca do tempo enamorado
em que a saudade me ilude e prende.

Avenida da Góios... Monte de S. Lourenço
A roupa branca a secar na ribeira
Mulheres da vila: saia, avental e lenço
O cheiro a maresia... o ronco da traineira...

Rapazes a correr de rosto tão sardento
Gritam gaivotas a enfrentar o vento
A velha ponte de Fão esburacada...

O nevoeiro desce denso e lento
Vou noutras datas ao encontro do tempo
Regresso ao d'hoje... Fico desapontada. 

Maria Helena Amaro
Março, 2014.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Onde está Deus?


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro) 

Há palavras estranhas, esquisitas,
que o povo pronuncia e domina. 
Chama-lhes azar, sorte ou má sina,
praga, degredo ou muito desditas.

O fado é sorte, é tristeza maldita
Nasce connosco e vem desde menina.
Doenças, males que ninguém atina.
Existe a fé e ninguém acredita.

Horóscopos, profecias, previsões,
rezas e mitos, alucinações,
andam no mundo debaixo destes céus...

Estranhas seitas, tantas religiões,
descem à toa sobre as multidões.
Reinam na terra os laicos, os ateus.

Maria Helena Amaro
Março, 2014 

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Primavera (2014)


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro)

Chegou a primavera. Vem em pranto
que o planeta não merece rosas.
Esqueceu Deus e as leis preciosas.
Vive em guerra, dor e desencanto.

O filho ataca o pai; o pai o filho.
A insanidade tornou-se passageira.
A mentira é verdade lisonjeira.
A injustiça é toda luz e brilho.

Onde está a primavera prometida
terra de amor, de promessas, de vida,
com andorinhas pousadas nos beirais?

Os velhos são velhice desvalida.
A juventude anda louca, perdida...
E os que partem... Esses, não voltam mais!

Maria Helena Amaro
Março de 2014 

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Dia do Pai


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro)

Para o Pedro Miguel:

O papá é boa peça.
É um papá muito fixe.
Mesmo que não o pareça
quando nos diz: que se lixe!

O papá é companheiro.
É mesmo boa pessoa.
Só não nos quer dar dinheiro
para gastarmos à toa.

Somos os filhos que tens,
neste dia de alegria.
Beijinhos e parabéns
do Pedro, Quico e da Bia.

E não só...
Da Mãe, Fafá e da vovó... 

Maria Helena Amaro
19 de março 2014

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Lar


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro)

A família era chão que eu pisava
A casa grande onde todos cabiam
Muitos entravam e nenhuns saiam
que a casa grande a todos abrigava

Os pais eram a força dos trabalhos
da verdade, da ordem; do rigor,
do dever, do sonho, do amor,
sem algemas, sem penas e sem ralhos

Menina e moça, cresci neste labor
dividida entre a verdade e a razão
com as mãos estendidas para Deus

O meu chão tremeu em estertor
agonias, dores, em profusão.
Perdi espaços que sempre foram meus.

Maria Helena Amaro
21 de março, 2014  

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Senhora da Saúde


(Óleo sobre tela de Maria Helena Amaro)

Abro a janela. Já passa a procissão...
A Senhora vai vestida de cetins,
leva anjos, arcanjos e querubins.
E as mães levam os filhos pela mão.

Os bombeiros de capacetes brilhantes
levam machados, fardas e pendão.
Marcham direitos como um pelotão.
A banda atrás toca hinos sonantes.

Olhos no andor, rezo a minha prece.
O barulho dos foguetes entontece
Há cheiro a maresia, vento, sol...

A vila de Esposende se envaidece.
É a festa grande, que a Senhora merece.
Dos pescadores é guia, é farol.

Maria Helena Amaro
Março, 2014
   



sábado, 7 de outubro de 2017

Fado português


(Fotografia de António Sequeira)

Meu Portugal, meu velho entontecido,
sem esperança, sem sonhos, ideais,
soldado morto, nos anais esquecido,
barco ancorado em arruinado cais.

Um «sem abrigo» da «troika» protegido,
a alma exposta a duros vendavais,
soltas nas ruas um grito ressentido;
Independente não serás jamais!

Em teses e doutrinas, dividido,
aos poucos vais ficando desvalido,
sem critérios, ações e capitais...

No trabalho, na saúde, combalido,
vives a fome, mendigo, só, perdido...
Que escolhas fazes? Em que caminho vais?

Maria Helena Amaro
8/03/2014


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Despedida


(Fotografia de António Sequeira)

E o sol eras tu
ridente diameantino,
a espalhar-se tonto
no mar da minha vida...
Maré baixa serena...
Maré alta subida,
ao encontro da praia
na luz enternecida.
Mais tarde,
muito mais tarde, na noite de breu,
o teu brilho de amor,
no céu esmoreceu,
e em dias sombrios,
tão escuros e frios
qual de nós não morreu?
Estendi os braços para o céu
e o céu eras tu...
E ias para o céu
suspenso do meu laço...
Estendi os braços para o sol
e o sol eras tu
a morrer no acaso...

Maria Helena Amaro
Março, 2014

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Encontro


(Fotografia de António Sequeira)

Estendi os braços para o sol,
em busca de luz e de esperança,
de riso em flor, de uma bonança,
de certezas, de sonhos, de fadas
e duendes...
Procurava na vida algum encanto
e apenas encontrava miragens...
Papel e lápis,
recolhida no meu canto,
projetava no espaço
recordações, imagens...
De quando em vez
surgia o desencanto,
a amargura, o pranto...
Uma esperança, talvez...
Enredos
segredos
e medos
O amor era um baú...
Estendi os braços para o sol...
E o sol eras tu!

Maria Helena Amaro
8 de março, 2014 

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Paz


(Fotografia de António Sequeira)

Depõe as armas. Desiste de lutar.
As tuas lutas são mágoas, pesadelos.
Destroços negros dos teus brancos anelos.
Urge, por certo, atirá-los ao mar.

É tempo de esquecer, de perdoar,
de ouvir, da voz, da paz os seus apelos.
Os males da vida melhor esquecê-los.
Reconstruir, erguer, perseverar...

Se há noite escura, também há o luar.
Se há choro triste, também há o cantar.
Se há desgostos, então, porque vivê-los?

Caminha em paz, que a paz há-de voltar.
Depõe as armas. Desiste de lutar.
Cultiva em ti sentimentos singelos.

Maria Helena Amaro
Fevereiro, 2014. 

domingo, 1 de outubro de 2017

Dunas


(Fotografia de António Sequeira)

As dunas de Esposende guardam sonhos
de piratas, sereias, caravelas,
tempestades, naufrágios e procelas,
noites de breu, pesadelos medonhos.

As duas de Esposende são abrigos
em manhãs rubras, quentes, escaldantes.
São o refúgio de noivos e de amantes.
São testemunhas de inesperados perigos.

Contam as lendas que em noites de luar,
as feiticeiras adejam sobre o mar,
vão às dunas acender fogueiras.

Os pescadores ao vê-las a bailar,
deixam as redes nas ondas a boiar.
Dançam com elas nos convés das traineiras.

Maria Helena Amaro
Esposende, fevereiro de 2014