Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Silêncio (2013)





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


No silêncio das coisas que se vão 
E se negam a encher este lugar 
Na magia da recordação
Encontro o teu sereno olhar. 


Na concha recurvada de uma mão
Que se ergue em paz para rezar
Na magia da palavra perdão
Encontro o teu sereno olhar. 


Fecho os olhos… abro os olhos… é em vão
O teu olhar preenche a solidão
De quem sabe que partir é não voltar 


Tudo o que passa na vida é ilusão
Na luz, no movimento, ar e som
Encontro o teu sereno olhar. 


Maria Helena Amaro 

Inédito, Fevereiro, 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Noite


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Desce sobre mim a noite escura,
noite escura que tem nome e tem voz,
noite de breu, semblante feroz,
palavras loucas de raiva e amargura.

Não é na noite que a minha alma procura
a paz dos anjos; esta paz é atroz,
escondida assim dentro de nós,
mostrando aos outros que existe só ventura.

Viver assim é dor, é desventura,
é caminhar na calçada fria e dura,
os pés sangrando, em corrida veloz...

Se minha alma se sentisse segura,
nesta noite, pertença de ternura,
ninguém diria que vivemos sós.

Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro, 2009

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Poetas





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


No mundo destruído
vazio de valores
repleto de chorar e rancores
já ninguém acredita
numa vida melhor...

No mundo transviado
de causas sem sentido
vão as crianças crescendo sem flores
e os pobres vivendo sem abrigo 
por culpa de senhores...

No mundo desviado
de Deus, da Partilha, de colectas
a favor do Sonho
e da ternura
na rua da amargura
só sobram os Poetas.


Maria Helena Amaro
Inédito,  dezembro de 2009




quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobrevivência





(Ilustração de Maria Helena Amaro)



O mar foi meu amor apetecido,
as nuvens foram castelos de ventura,
os barcos residências de ternura,
a praia meu tapete convertido.

Por lá teci, vivi, sonhos perdidos,
calmarias, tempestades, marés cheias,
fiz poemas, beijei pedras, tive ideias
fui senhora dos meus cinco sentidos.

Cantei alto os meus versos risonhos,
indiferente às vozes traiçoeiras,
que bajulavam esta forma de ser.

Assisti a naufrágios tão medonhos,
também chorei com negras carpideiras.
E para quê? Para sobreviver! 

Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2009.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Folha caída

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Viveste tão depressa essa ventura
tão passageira... abrir e fechar de olhos...
e guardaste em tuas mãos esses escolhos
que ainda te enchem de amargura.

Quiseste perdoar essa traição
e aceitar com fé o desagrado,
Então; irmã esquece esse passado,
não esfaceles demais o coração.

Esquecer está na tua mão
aliciar a dor na tua esperança
construir a fé de nova vida

À saudade de bem não digas não
revive só os tempos de bonança
esquece tudo, tudo é folha caída.

Maria Helena Amaro
Dezembro, 2009   

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Carnaval

 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)


A vida é peça estreada
em dia de Carnaval…

Passam máscaras de mão dada
E a gente a gargalhar
atrás da porta da rua
a ver passar os que brincam
no cortejo que não finda…
                  - Muitos mais virão ainda?!

Olhos grandes… olhos mortos…
Olhos belos como estrelas…
Olhos puros de meninos…
Passam olhos de mulher
a chorar pelos caminhos.
                - Tantos olhos sem carinhos!?

Passos grandes… passos curtos…
Saltos… quedas… trambolhões…
Uns apregoam mentiras…
Outros sonhos… outros dores
Uns passam silenciosos
os braços postos em Cruz…
                - Que sofrimento, Jesus!

Alguns arrastam os pés
na calçada sem vontade…
Outros correm, gritam, choram…
Levam escrito no rosto
a vida deles – que horror!
                - Somos um fogo, Senhor!

O cortejo vai passando…
Batam palmas! Digam Vivas!
Se não dizem, fazem mal!
                A vida é peça estreada
                Em dia de Carnaval!

Maria Helena Amaro
Inédito
Braga, março de 2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Aguarela (2009)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Caminhava descalça na areia da praia,
o sol a bater-me no rosto sardento,
o vento enrolado na roda da saia,
gaivotas gritando no mar num lamento.

As crianças brincavam em muitas pocinhas,
pocinhas formadas na baixa maré,
barquitos vagavam de velas branquinhas,
traineiras «Maria», «Jesus» e «José».

Caminhava descalça na orla do mar,
em buscas de conchas nas praias vizinhas,
de alma tão cheia de sal e de sol.

Longo era o caminho, tão leve o andar,
penedos tão perto e logo as Marinhas,
tão longe Esposende, tão longe o farol.

 
Maria Helena Amaro 
Inédito, dezembro de 2009


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Natal 2009

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Ao Pedro António:

Tocam sinos! Tocam sinos!
Tocam sinos! Tocam bem,
para dizer aos meninos:
É Natal! Portem-se bem!

Ao Francisco Miguel:

Andam anjos no espaço
metidos num carrocel,
todos mandam um abraço
ao Francisquinho Miguel.

Lola:

Cada dia traz um sonho...
Cada hora uma esperança...
Há sempre um viver risonho,
nos olhos de uma criança!

Pedro Miguel:

É o Natal uma data,
a melhor da nossa vida.
Que o Amor se reparta
em partilha sem medida.

Tómané:

O tempo não tem medida,
no porvir ou no passado;
mas o melhor desta vida
é amar e ser amado.

Maria Helena Amaro
Inédito, Natal de 2009 (dedicatórias a familiares)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Raízes (2009)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Do meu pai herdei a lealdade,
da minha mãe o gosto de viver,
da avó Helena a forma de dizer,
do avô Amaro o dom da autoridade.

Da avó Ana o brio da justeza,
do avô Correia a luz da liberdade
de todos eles o rigor da verdade
o culto de Deus e da nobreza.

Esses valores são a minha bagagem,
nos caminhos tortuosos desta vida,
na chegada e na partida da viagem.

Não há recuo, nem pausa, nem voltagem.
São raízes que tenho sem medida,
e de mim, dão ao mundo, esta imagem.

Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2009

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Memórias - II (2009)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Eras de todos o mais divertido,
alegre, folgazão, tão galhofeiro,
olhos gaiatos no rosto tão trigueiro,
a discutir em frases sem sentido.

Entravas pela casa a toda a hora:
«Helena! Ó Helena onde te encontras»
«Já foste sair a ver as montras?»
«Se não vens já, então eu vou embora!»

«Ó filha este rapaz é uma peste
vê lá tu a confiança que lhe deste»
- diziam receosos os meus pais.

Eu respondia muito à minha maneira:
Somos amigos... é tudo brincadeira.
Casar com ele? Não, nunca, jamais!

Maria Helena Amaro
Inédito, junho, 2009
 (recordando junho de 1959)
  

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Memórias I




















        (Ilustração de Maria Helena Amaro)


Foste para mim uma miragem,
um encanto, um enleio... que sei eu?
talvez um amor que não nasceu
e pus de lado na rota da viagem.

Retenho na memória  esse teu rosto
mistura de verdade e garridice,
avesso a galanteio e à tolice,
mas cioso de esconder todo o desgosto.

Revejo o teu olhar inteligente
a brandura da tua voz pousada
saber estar... saber dizer... saber pensar.

Na tua vida tornei-me toda ausente
Quis só fugir da tua larga estrada
Deixei-te só. Soubeste perdoar?

Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2009

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Ano da Fé



(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Deixem-me crer, acreditar em Deus, 
em Jesus nosso amigo, redentor,
que se entregou à Cruz por nosso Amor,
que é Senhor de mim, da terra e céus. 


Deixem-me crer que O tenho a meu lado,
nas horas mais cruéis e mais amargas,
que acho nas minhas, as suas santas chagas,
quando o meu corpo, em dores, é torturado. 


Quero ter Fé, quero ter confiança,
neste mundo sem Deus e sem esperança,
envolto em tragédia e desamor. 


Entrego-me a Deus com alma de criança,
confiante em dias de bonança.
Eu creio em Deus, meu Rei e meu Senhor! 



Maria Helena Amaro 
Inédito 
Braga, janeiro de 2013