Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ao «cabaça» (brincadeiras...)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Tu és aquele ser que eu sonhei
em tarde distante de ameno verão
Tens a elegância dum Napoleão
Teus olhos são faróis dum  "transvey»!... 

O teu rosto é duma cor tão bela!
Será branca, vermelha ou cor de rosa?
É duma cor tão linda, tão airosa!
... E tem a forma duma grande tigela!

Tua careca luzídia, atraente
parece um globo que encerra a poesia
dum sonho louco duma adolescente...

Quando tu passas aqui ao fim do dia
dançando a valsa maravilhosamente
Eu fico a olhar-te em muda nostalgia! 


Maria Helena Amaro
21/06/1954

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Madalena


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Lena, tu és um botão de rosa
abrindo à luz do sol primaveril
em manhã fresca de risonho abril
com cores suaves de flor formosa...

Teus anos são pétalas de flor
que o tempo transforma com ternura...
Há neles anseios, infinda loucura
de viver da vida, o sonho, o amor...

Nos teus olhos verdes há sonho sem fim
os sonhos de cor que sabes sonhar
enquanto a vida se vai desabrochando...

A tua alma é branco jasmim...
Ó Madalena não queiras negar
que vives a vida sorrindo... cantando...


Maria Helena Amaro
26/06/1954 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Sonho das Estrelas


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Eu tenho um sonho!...
Um sonho grande, imenso
que um dia fui buscar
às estrelas do céu...

Eu tenho um sonho!...
O meu sonho é quimera...
É dor é sofrimento...
Que eu roubei à miséria...

Eu tenho um sonho...
Um sonho belo, límpido.
Feito de neves brancas
dos meus brancos anseios...

Meu Deus! Será um sonho?
Eu tenho um sonho grande
que tirei às estrelas...
E rezo, e sofro e creio
pois julgo que o meu sonho
não será deste mundo! 

Maria Helena Amaro
20/12/1954

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Anseio


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Eu queria Fé, queria Luz, queria Amor...
Amor humano, não! Amor Divino...
Queria transformar a minha voz num hino
e espalhá-lo assim ao meu redor...

Eu queria Luz para não tropeçar
nos caminhos de cor da noite escura...
Eu queria Fé, muita Fé na Ventura
que me foge e que tento alcançar...

A outra vida, aquela que eu vivi
é toda sombra, é toda nulidade
é toda vaga pr'a mim que a esqueci...

Eu queria a Paz que nunca conheci...
Eu queria da vida a Felicidade
Eu queria a Vida! Para quê, se já morri?

Maria Helena Amaro
12/10/1954

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Sol de Outono


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


O sol já tombou no horizonte
rubro, incandescente, arroxeado...
O rosto triste, o olhar cansado
Ele repousa no cinzento monte...

Já nos jardins de frio transidos
as folhas são pelo vento levadas...
E morrem todas... Pobre delas! Coitadas!...
Enquanto o Sol é sombra de gemidos...

Tal como o velho que chega ao fim do dia
a esvair-se numa velhice ingrata
com gestos jovens, de idade perdida...

Também o sol se vai no horizonte
cheio de cor, de dourados, de prata
e fica morto entre as sombras do monte!

Maria Helena Amaro
Braga, 10/10/1954  

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Regeneração


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Eu queria ser melhor... muito melhor...
Mas a vontade é já sombra na vida...
Aí! Sou tão perca, tão fraca, tão perdida
Não tenho a Luz de Fé, a luz de Amor!

A minha alma tem ânsias do Além
Daquele Além a longínqua distância
Oh! Quem me dera ainda na infância
e ir em busca desse Divino Alguém!

Mas no caminho que julguei dourado
há cruéis espinhos que me põe a sangrar
A minha alma em sofrer inacabado

Virgem Maria! Que seja o teu olhar
aquela estrela que no céu azulado
aos braços de Deus me há-de guiar...


Maria Helena Amaro
29/10/1954

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Flores


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Flores colhi de mil cores tingidas
e as desfolhei no meu peito vazio...
Quis aquecê-lo... Se ele estava tão frio!
Com estas pétalas quentes e coloridas...

Para lhe dar vida, ofereci-lhe estas vidas
que usurpei ao orgulhoso estio...
Fui criminosa? Talvez! Mas eu confio
que Deus perdoa às almas arrependidas...

Colhi flores em plena juventude
quando floriam entre a natureza
quando sorriam com cor e com saúde...

Fui criminosa? Sim, fui-o com certeza
mas mesmo assim meu coração tão rude
continua vazio mergulhado na frieza...


Maria Helena Amaro
28/08/1954



domingo, 8 de fevereiro de 2015

Incompreendida


(Ilustração de Maria Helena Amaro) 

Incompreendida! São feitos de amargura
os meus dias sombrios do presente...
Compreender-me a mim? Há tanta gente
que para mim é como a noite escura?

Quero fechar os olhos e morrer
Não para mim, mas para toda a gente...
Descansar! Nem que a vida latente
fosse um suplício, um contínuo sofrer!...

Por mais que grite ao mundo o meu tormento
ninguém me escuta, ninguém me quer ouvir,
mas toda a gente me complica a vida...

E enquanto eu espelho o sofrimento
vou murmurando a chorar, a sorrir:
"Incompreendida!  Oh! Incompreendida!"

Maria Helena Amaro
13/10/1954  

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Louca... por Amor!


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Quero cantar ao mundo o meu tormento
Sem dor, sem luz, sem amargor...
Chamam-me louca? Talvez em pensamento,
sou louca, por sofrer... Sem ter Amor!...

Quero cantar ao mundo turbulento,
esta loucura toda feita de cor...
Chamam-me louca? Talvez por sofrimento,
sou louca, por sofrer... Sem ter Amor!...

Mas serei louca? O mundo sem razão
chama-me louca, assim constantemente
Chamam-me louca seja pelo que for...

Mas se o mundo visse este meu coração
chamar-me-ia, então, piedosamente
"Pobre louquinha, que é louca... por Amor!"

Maria Helena Amaro
28/08/1954


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Rumo à vida


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Tu vais partir! Tal como pomba linda
que se evadiu do pombal encantado
A tua alma ensaia em dança infinda
um voo suave até ao lar amado...

À tua frente abre-se na estrada
cheia de rosas que o sol coloriu...
Lúcia, cuidado! Em cada pétala desfolhada
há acanhos espinhos que a tua alma não viu...

A tua missão de professora - mãe   
é cheia de luz de fantasia e cor
É um ideal que tua alma escolheu...

Eu sei que tu vencerás depressa e bem
levando aos pequeninos a ciência e amor
Levando às suas almas a palavra do céu!

Maria Helena Amaro
julho de 1954