Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Humanidade


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Tudo vai, tudo passa, tudo esquece.
Morrem avós, tios, primos, pais.
Dizem adeus e não regressam mais.
A alma chora e o corpo estremece.

Veste-se a vida de saudade e prece.
As estações já são todas iguais.
Dias e noites são horas banais.
A morte lenta as suas teias tece.

Nasce uma esperança e outra já fenece.
Um sonho vinga, outro desaparece.
Em que novas estradas caminhais?

O pão de cada dia é a benesse
que Deus vos dá e a quem merece
um pouco de paz; porque a matais?

Maria Helena Amaro
Abril, 2014

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Dois mundos


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Nasci numa territa à beira-mar,
mas sou filha de serranos beirões.
Tenho na gaveta aquelas certidões
que atestam bem, o que eu possa narrar.

Trago na alma noites de lua cheia,
chusmas de estrelas penduradas nos céus.
Preces e rezas nos altares de Deus.
Cheiros e risos de uma pequena aldeia.

Se me lembro do mar já sou sereia.
Já não me afogo nas ondas prateadas.
Já sei contar histórias de naufrágios.

Se me lembro de serra sou ceifeira.
Já não me perco em velhinhas estradas.
Já sei contar as lendas, os adágios.

Maria Helena Amaro
Janeiro, 2014

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Lágrima


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Há sempre uma lágrima
pendurada no céu
para cair nos olhos
de quem sofre e padece...
Desce no rosto
cai sobre o regaço
e relembra um amor
que a vida não esquece...

Há sempre uma lágrima
pendurada no céu...
Enxuga-a breve
não a dês a ninguém

Uma lágrima
pendurada no céu
é a tua Paz
que se desprende leve
e te protege bem.

Maria Helena Amaro
Maio, 2014

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Esposende


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Um raio de sal
um golpe de vento
um copo de espuma
um todo de bruma
um grito de mar
uma asa branca
um monte que cresce
uma duna deserta
uma casa isolada
uma nuvem de azul
um pedaço de sonho
um abraço que afaga
um sorriso que acende
uma lenda uma praga
uma história que prende
e neste poema
recordo Esposende...

Maria Helena Amaro
Maio, 2014

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Silêncio


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

«Só sei que nada sei...»
e tudo busco
e tudo busco em dor e ansiedade
ando à procura de Fé e da Verdade
no velho mundo onde nasci
sem rei.
Só sei que tudo quero
e nada encontro
de Verdade, de paz e de prazer.
A vida se desvanece...
É pedra dura
a estrada que tenho de percorrer...
É a paz
urgentemente a paz
que minha alma procura.

«Só sei que nada sei»
Mas que loucura!

Maria Helena Amaro
Dezembro, 2013 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Registo


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Foi longa a vida, sinuosa a estrada,
como em histórias de terras de Sicó.
Corpo esquecido de alma iluminada;
a deslizar em skate ou trenó.

De dia o sol, de noite a madrugada,
de pesadelos nunca tive dó
cresci em selva escura e perfumada,
cheia de lendas que me contava avó.

Maria Helena Amaro
Maio, 2014

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Insónia


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Na noite deserta
a porta fechada
a alma desperta
o corpo é balada

O corpo é balada
de sons indistintos
em crua alvorada
desperta os instintos

Insónias são sonhos
na palma da mão
São dias risonhos
que não voltarão

No baile noturno
que sono não tem
Se durmo... não durmo...
E o sono não vem...

Maria Helena Amaro
Maio, 2014 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Viagem


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

A barca do Amor
lancei no mar
Era uma flor
boiando ao luar

A barca da Esperança
lancei no mar
como uma criança
fiquei a sonhar...

A barca do Sonho
lancei-a no mar
caminho risonho
eu fui a trilhar...

Perdi-me na noite...
Estou a naufragar!

Maria Helena Amaro
Maio, 2014