Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Presença



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Parti a conquistar
um castelo de sonho
esquecido sobre o mar...
Lutei e fui vencida.
Mas cá dentro de mim
ficou gravada a sangue
a nívea silhueta
da tua alma sem par
como num deserto
fica a ressoar
o eco estridente
dum grito de vida!

Maria Helena Amaro
21/12/1960

domingo, 27 de abril de 2014

Introspeção





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Não pares
não tentes bater à porta.
fechada às portas da vida...
Avarenta do meu redor
não dou pousada a ninguém...


Quem quer partilhar comigo
minha miséria dourada?


Vai adiante,
não pares!
Deixa a pergunta no ar...
Há caminhos luminosos
onde ninguém passou
só por passar...


Deixa-me só!
Deixa-me só com os farrapos roxos
dos meus sonhos azuis...
Nas tardes de solidão
Um... Dois... Três...
Quero contar
Chego a contar um milhão
das horas todas vazias
dos dias todos do mês...

Minha miséria dourada,
de  verdade,
é quase nada....
Choro e canto
e sofro... e rezo!

Às vezes sonho também!
Avarenta do meu nada
não dou pousada
a ninguém!

Ai estas horas vazias...
Estas horas ninguém
tem!

Maria Helena Amaro
31 de agosto de 1960

sábado, 26 de abril de 2014

Os meus olhos



(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Quem me dera que meus olhos
fossem pedaços de mar!
Os meus olhos - pobrezitos!
Nasceram para chorar!...

Quem me dera ter olhos
tão belos como o luar!

Fecho os olhos... Abro os olhos...
E a vida sempre a girar!
Tristezas são barcos negros
nos meus olhos verde-mar!...

Alegrias são gaivotas
que andam perdidas no ar!
....................................................

Fecho os olhos... Abro os olhos...
Os meus olhos - pobrezitos!
Nasceram para chorar!


Maria Helena Amaro
25/08/1960

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Dia de Anos





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Se Deus me desse outra vida para viver
com mais paz, amor e muito brilho,
se eu pudesse optar ou escolher
era a ti que escolhia para filho.

Vieste no surgir da primavera,
amado desejado e escolhido,
a nossa vida tornou-se uma aguarela,
amor e vida rumou num só sentido.

E tal como sempre a vez primeira...
Parabéns! Sê feliz a vida inteira!


Maria Helena Amaro
20 de abril de 2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dia da Mãe





(Fotografia de António Sequeira)


Porque nasceste em certa primavera
entre oliveiras, alecrim, flores,
tinhas uma alma cheia de quimera,
de risos, de frescura, luz e cores.

Tinhas sempre um sorriso à nossa espera,
uma história de trágicos amores,
uma cantiga dos tempos da severa
um conto lindo de reis nobres, senhores.

O teu nome fazia lembrar dores,
rezas, promessas, petições, favores,
nome de fé, Maria da Piedade...

Porque nasceste em certa primavera...
a tua vida foi sempre uma aguarela,
que vou pintando em horas de saudade.

Maria Helena Amaro
21/03/2013

Dia Mundial do Livro


Dia Mundial do Livro - 23 de abril

O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor é um evento simbolicamente comemorado todos os anos no dia 23 de abril, que é promovido pela UNESCO com os objetivos de promover o prazer da leitura, fomentar a publicação de livros e defender a proteção dos direitos de autor.

O dia foi criado na XXVIII Conferência Geral da UNESCO que ocorreu entre 25 de outubro e 16 de novembro de 1995.

A data de 23 de Abril foi escolhida porque nesse dia do ano de 1616 morreram Miguel de Cervantes, William Shakespeare e Garcilaso de la Vega.

Boas leituras!

domingo, 20 de abril de 2014

Solidão























(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Mais triste que a tristeza
é a certeza de te perder na vida...
Amargura sem fim
é sentir-te
aqui dentro de mim
e tentar procurar-te
cá fora, muito fora
onde eu sei
que nunca passarás...

Se a vida não me der

mais do que sombra e pó
eu hei de ir assim caminho fora
de braços levantados
em direção da Aurora
a murmurar:
Estou só...


Maria Helena Amaro
18 de julho de 1960





sábado, 19 de abril de 2014

As tuas asas brancas




(Ilustração de Maria Helena Amaro)

As tuas asas brancas
são gritos verdes
no deserto imenso que é a vida

A vida, minha irmã
é um punhado acre de canções,
de choros, de sorrisos,
de lama, de Infinito...
É esse apelo que nos torna maiores
e faz de ti peregrina
de caminhos sem fim...

As tuas asas brancas
são gritos verdes
no deserto imenso que é a vida...
Punhados de cetim!  

Quantos estendem ao Sol as asas brancas
e lançam no espaço gritos verdes!

Não dês a ninguém as tuas asas brancas
mas escuta nos caminhos do mundo
o adejar de asas como as tuas...

- Quanto vivo se encontra pelas ruas
num riso de criança? ...

Ó poesia de ter asas de neve!
Ó magia de estradas cor de esperança!

A vida, minha irmã,
é pó e luz,
A vida é riso e dor...
A vida são as tuas asas brancas
entre o negro e o branco
o vermelho e o azul
subindo mais e mais
até encontrarem no espaço
a pousada do Amor!

Maria Helena Amaro
Julho, 1960

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Meninos





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Meninos tristes
sujos
rotos
feios
Meninos negros de olhos de luar...
Meninos são
como o foram os Santos
os heróis
os guerreiros
os magos
os homens
que fundaram cidades
e ergueram nações...
Meninos são
como foram os soldados cinzentos
que morreram vermelhos
à sombra dos canhões!

Meninos belos
limpos
ricos
ledos
de olhos brancos e cabelos de luz
Meninos são
como o foram os anjos
que cantaram louvores
ao Menino Jesus!

Passaram meninos na rua dois a dois
de mãozitas traçadas
de olhos suspensos nas estrelas
de pés descalços nas pedras luzidias
das vielas sem sol...
Passam meninos de fundilhos nas calças
de camisetas rotas
de calções já sem alças...

Meninos ricos!
Meninos pobres!
Meninos enjeitados!

Quem me dera vê-los toda a vida
de olhos estrelados!


Maria Helena Amaro
março, 1960

domingo, 13 de abril de 2014

Poema da distância



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

O poema da distância
é feito de saudade
duma saudade que nasce, que cresce
que nunca há de morrer...

O poema da distância
é feito dos meus sonhos
desses sonhos que são espuma branca
no mar da minha vida...

O poema da distância
é feito da tristeza
dos dias que se finam
das ilusões que partem
e nunca mais regressam...

O poema da distância
és tu e eu
e a certeza serena
angustiosa e grande
de caminharmos sós
de mãos estendidas no escuro
em ruas paralelas
que jamais se chegarão a encontrar!

Maria Helena Amaro
2 janeiro de 1960
  

sábado, 12 de abril de 2014

Desengano





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Vieste
primavera
e não trouxeste
o sonho prometido...
Vieste
mansamente
como quem teme fazer sofrer alguém
alguém que outro alguém perdeu...

Vieste
primavera
e de rosas cobriste os caminhos
que nos levam ao Céu.
Porque vieste
então
se as flores murcharam
sedentes de carinho? 

Vieste
primavera
e o inverno morreu dentro de mim
ao desfazer-se todo
em triste nevoeiro...

Vieste
primavera
mas eu cheguei primeiro!


Maria Helena Amaro
19 de abril 1959

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Dedicatória



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

A minha filha cresceu
qual botão sorrindo à primavera
em madrugadas fora
e a menina
pequenina
que era
tornou-se uma senhora!

A minha filha cresceu
como cresceu em dias estivais
as nuvens cor de arminho
suspensas lá do Céu
onde voam pardais...


A minha filha cresceu
e agora que a vejo senhora
murmuro como sempre
uma oração sentida
Deus te guie no curso que escolheste
feliz, por toda a vida!


Maria Helena Amaro
fevereiro, 1959 

domingo, 6 de abril de 2014

Fim



















(Ilustração de Maria Helena Amaro)



Quando meus olhos se cerrarem na morte
e o meu corpo suspirar pela terra,
irei então... (Adeus ó Mar! Ó Serra! ...)
Irei então a Deus na minha sorte.

Quando meus braços se estenderem frios
e os meus pés prometerem poeiras...
Irei então... (Adeus dias vazios!)
Irei então a Deus sem carpideiras.

Quando estas mãos cansadas de criança
se unirem todas num gesto de perdão
se erguerem mudas voltadas para os Céus

Irei então... (Adeus ocas esperanças!)
Irei então... eu sei... irei então
E não mais voltarei! ... Senhor! Meu Deus!


Maria Helena Amaro
20 de janeiro 1959 

sábado, 5 de abril de 2014

Apelo



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Quedo-me toda a meditar em Deus
quedo-me toda a meditar em ti...
E tu, não vens! Se interrogo os Céus
na minha esperança até o ar sorri...

Se tu soubesses, Amor, se tu sonhasses
se tu vivesses esta grande tortura
talvez sorrisses... Talvez até cantasses 
talvez me desses um pouco de ventura...

Ó ideal! Onde estás? Onde estás?
Em que ignotas paragens te escondeste
em que além de sombras te detens?

Passam os dias! Horas boas e más...
Passam os sonhos... (hei de ver passar este?)
E eu espero... E tu, Amor, não vens!!!

Maria Helena Amaro
15 de janeiro 1959

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Grito





















(Ilustração de Maria Helena Amaro)



Mergulho no silêncio
para deixar chorar a alma minha...
Cerro os olhos
para que as minhas faces trinadas pelo sol
se humedeçam de prantos sem razão...
Ergo as mãos
para que tu ó Deus que me criaste
escutes o que anseio ser
tu que conheces bem
tudo aquilo que sou
o que pensam que sou
o que penso que sou...
Mergulho no silêncio
para deixar chorar a minha alma
ergo os olhos
para que tu compreendas a tortura
a dor
a lassidão
a indiferença que vivo nos meus dias
ó Deus que tudo sabes
que tudo compreendes
e tão pouco exiges
em troca do teu mundo!



Maria Helena Amaro
1957