Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

domingo, 31 de março de 2013

Meu Amor (ao Tono)

(Fotografia de António Sequeira)
 

Anda ver as azáleas do jardim,
tão vistosas, tão frescas, floridas,
como era o alvorecer dos nossos dias,
quando o Amor para nós era um festim.

Anda ver o Sol a bater na nossa casa,
fazer dos vidros a arca do tesoiro,
em que as janelas são guaritas de oiro
e a varanda tem jeito de uma asa...

Vem, meu amor, tocar à campainha,
que a Primavera toda se avizinha,
e é loucura ouvir a passarada...

Sinto-me só... Sinto-me tão sozinha,
que esta vida nem me parece a minha,
sou como a pedra rolando na estrada...

Maria Helena Amaro 
Inédito, março de 2010.

sábado, 30 de março de 2013

Regresso aos anos sessenta


(Fotografia de António Sequeira)

Se alguma das que me deste,
eu não a quis,
acreditei que podia ser feliz
e de mão dada
conquistar a vida...
Se ganhei ou perdi já não me lembro,
apenas sei que te amei loucamente
desde aquela tarde de Novembro...
não interessa a dor ou a lembrança
dos dias longos vividos sem esperança;
Interessa, sim, apenas recordar
que conjugámos bem o verbo amar
e que ajustamos sempre o nosso passo...

Agora,
no cair da vida, sem agrado,
entre risos, lágrimas e saudade
regressamos juntos e ternurentos,
aos tempos felizes de noivado,
Amor sem malícia, sem pecado,
cheio de sofrimento.

Maria Helena Amaro
 
Inédito, março de 2010

quarta-feira, 27 de março de 2013

Ausência


















(Fotografia de António Sequeira)

Tão linda a nossa casa,
mas sem ti,
já tudo se transforma...
Nada tem alma
esplendor
ou forma...
É um deserto de areia
que atravessa
alma descalça
e coração avesso
envolvida em dolorosa teia...
Ai se viesses amor,
logo à noitinha,
ouvir a música que era tua e minha
como seria bom,
encantador...
Sei que não vens...
Que grande a minha dor!

Maria Helena Amaro
Inédito, 12 de março 2010

domingo, 24 de março de 2013

Cartas de Amor





(Fotografia de António Sequeira)

Leio as tuas cartas uma a uma,
cartas de amigo, de namoro, de noivado,
e recordo como foste tão amado
e que esse amor não se perdeu na bruma...

Leio as tuas cartas com ternura,
e recordo com saudade esses momentos.
Doces mensagens, sinceros sentimentos,
construção firme de vida leve e pura.

Andámos toda a vida de mão dada,
e quando encontrámos na estrada,
tropeços, acidentes, maldições,

foi esse amor que nos salvou na vida,
e agora que estou só e perdida,
é dessas cartas que faço as orações.


Maria Helena Amaro
Inédito, 12 de Março de 2010 


sábado, 23 de março de 2013

Mensagem (26/02/2010)




















(Ilustração de Maria Helena Amaro) 


«Na Mão de Deus,
na sua mão direita,
repousou enfim meu coração...»
assim disse o poeta teu irmão,
num jeito de cansaço e oração...
também teu coração andou cansado,
também teu coração procurou poiso,
coração dorido, enamorado,
por veredas e rumos repartido.

Na Mão de Deus achou o seu repouso,
na Mão de Deus achou uma pousada,
na Mão de Deus procurou um sentido,
na Mão de Deus achou a paz  negada.

Na Mão de Deus
na Sua Mão Direita,
como um voo, como um sopro,
sem um grito,
repousa como anjo adormecido
teu doce coração,
eu acredito! 
Tua Lena.

Maria Helena Amaro
26/02/2010
  

quarta-feira, 20 de março de 2013

Prece (Tono-2010)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Senhora da Saúde de Esposende
Minha Santa Senhora, minha Mãe,
nesta hora de dor que tudo prende,
dá um pouco de saúde a quem não tem...

Senhora dos meus tempos de criança,
em cuja ermida saltitei e rezei,
dá um pouco de luz da vossa Esperança
ao meu amor a quem tudo entreguei.

Senhora dos meus tempos de noivado,
em que tudo era riso e sonho alado,
longe de sofrimento e desespero.

Escondo o meu rosto em teu regaço:
implorar, rezar é o que faço,
um pouco de saúde é o que quero.


Maria Helena Amaro
Inédito 8 de fevereiro 2010 (op. AS)



domingo, 17 de março de 2013

As velhas


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Sentam-se as velhas na orla do mar
rostos ao sol e lenços ao vento,
a recordar estórias desse tempo
em que estendiam sargaço a secar...

Sentam-se as velhas nas pedras do cais,
a segredar coisas tão mexeriqueiras,
falam de amores, de negras carpideiras
e de naufrágios em noites de luar...

Sentam-se as velhas no adro da igreja
esconjurando a bruxa malfazeja
que as tornou tão velhas e cansadas...

Sentam-se as velhas no "jardim dos peixinhos"
por ali andam a saltar os netinhos
que são os anjos nas noites estreladas.

Maria Helena Amaro
Inédito, Janeiro, 2010


sábado, 16 de março de 2013

Francisco - Anos 2010


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Francisco menino bom
Risonho, alegre, mimoso,

Anda sempre a saltitar
Na casa da avó Helena
Corre, fala gesticula
indiferente às sugestões
Seguro de sua ideia
Capaz de fazer asneira
O meu neto é um Amor!

Neste dia tão feliz
Por favor, a avó diz...
olha não parta o nariz!

Maria Helena Amaro
Inédito, 23/02/2010

quarta-feira, 13 de março de 2013

Dia de Anos - Lola (2010)



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Glória é nome de estrela
Luz do sol, asa de vento,
Orla de mar e do céu
Riso de força e alento,
Inteligência tão bela,
Amizade e sentimento.

- À Senhora destes bens
aqui vão os parabéns!


Maria Helena Amaro
15/01/2010

domingo, 10 de março de 2013

Soltura


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Não quero
não me submeto
a um novo padrão...
Meus braços são asas de gaivota
e os meus passos
voos de condor...
Lá vou
lá vou no vento
como doida varrida
entre o não
e o sim tão repartida
a procurar o sol
a lua
a nuvem do espaço...
Sou como a chuva
sou assim
transformo a água dos meus olhos
em rios de cetim...
Sou como a neve
se me esmagam no chão
devagarinho
transformo-me em lama
nas pedras do caminho...
Sou como a tília velha
da Avenida
por fora verde
por dentro carcomida.
Não quero 
não me submeto
a novo padrão.
Deixem- me ser assim
São meus amigos
e a contar
são tantos!
E se desistirem de o ser
fica o papel e a pena
para poemar os desencantos.
Deixem-me ser assim
De outra maneira
seria pena
seria uma asneira
deixava de ser eu
a tola Helena.


Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2009 

sábado, 9 de março de 2013

Palavras



















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Pego nas palavras
somo
subtraio
multiplico
divido
- são sempre
mais ou menos
as mesmas soluções.
Então
corrijo
emendo
anulo
acrescento.
Todas
todas querem formar
ideias
frases e não frases
lenga lengas
cantilenas
poemas e canções!
Infelizmente
poetas como eu
existem aos milhões.


Maria Helena Amaro
Inédito, janeiro de 2009



quarta-feira, 6 de março de 2013

Retrato (2009a)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Menina tão aprumada,
de face crispada e dura,
de calça tão ajustada
de aparência madura.

Vais na rua com ar sério,
ar de boa rapariga,
mas cometeste adultério,
com a tua velha amiga.

Pobre da moça coitada
sofre segredo contido
amizade atraiçoada...
Pois roubaste-lhe o marido.

E depois de tudo então,
petulante e assanhada,
ainda pregas sermão
à esposa desencantada.

Maria Helena Amaro
Inédito, 2009

domingo, 3 de março de 2013

Carta de Natal para o Pai



















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Chamo por ti na tarde pardacenta
Onde estás? Onde paras? Aonde?
Mas apenas o eco me responde
em ressonância demorada e lenta.

A chuva cai na rua lamacenta
o sol se foi e na noite se esconde...
Onde te foste? Onde estás? Aonde?
Grito dorido como ave agoirenta.

Partiste um dia e não disseste adeus
fiquei retida nesses conselhos teus
que me prendiam à vida com justeza.

Mas agora, meu pai, desgostos meus,
traições, desesperos, camafeus,
fizeram de mim esta tristeza.

Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro 2009

sábado, 2 de março de 2013

Carta de Natal para a Mãe



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Mãe:
Vai para ti, em sonhos,
esta carta,
esta carta que não lês,
e que por certo,
ficará perdida
no deserto,
duma folha branca de papel...
Se fosses viva,
era no teu colo aconchegante,
que eu poria
a minha carta
tão cheia de amargura...
Deste-me vida,
mas não me deste sorte,
porque a sorte que me foi confiada
era de paz e de amor
um tudo nada
não passava dum sonho de menino
fantasia passada.

Mãe:

Se fosses viva
se pudesses viver a minha vida
talvez soubesses
que a tua filha querida
não tem luz
nem paz
nem aconchego
nem benesses.

Mãe:

Ai no céu
onde pairas celeste.
Vê o meu sofrimento
Sou a filha
que foi apenas escolhida
para servir aos outros toda a vida
sem paz
sem gratidão
sem merecimento.


Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro, 2009