Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Velhice (Ao Tono)


(Fotografia de António Sequeira)
Velho e cansado ficas no teu canto
a recordar  os desastres da vida
primavera morreu... Estio é desencanto
o outono é feito do teu pranto
o inverno é viagem prometida.
O sol que nasce já não é promessa
e o luar é fonte de saudade
vives sem luz sem rigor sem pressa
tudo que nasce tens medo que pereça
fechas teus olhos à sã realidade.
Não tenhas medo ainda estou aqui
também esqueço as horas que vivi
mas não as quero, já lhe disse Adeus.
É o tempo de vivermos só de esperanças
voltar de novo então a ser crianças
e esperar a visita de Deus.


Maria Helena Amaro
Inédito, julho de 2009

sábado, 29 de dezembro de 2012

Lembrança (09/07/1966)

(Fotografia de António Sequeira)
 
 
Se a dor vem, mas logo vai embora
a vida continua com esperança,
o gosto de esperar também não cansa
e a canção pode ser promissora.
 
Mas, se a dor se repete, não se cura
na chaga aberta que se abre na vida.
Um grande amor pode ser despedida,
e o ser mãe pode ser desventura.
 
Assim aconteceu no meu viver
Minha filha morreu quando nascia
sonho desfeito, dura realidade
 
 E vida fora eu não pude esquecer
o que eu mais desejava, o que mais queria
era ser mãe... Tremenda soledade!
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, julho de 2009

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Lembrança - (22/01/1964)



(Fotografia de António Sequeira)


Enchia a vida de sonhos e promessas,
de projetos de fé e de candura,
vivia sem tropeços e sem pressas,
mãos estendidas em busca de ternura.

Encontrei o amor no meu caminho
e fiz de minha alma um coração,
sedenta de respeito e de carinho,
cantei vida fora uma canção.

Senti no meu seio a doce esperança
de acalentar nos braços a criança
que crescia em mim em harmonia.

Mas o pior da dor aconteceu.
Deus não quis. O meu filho morreu
e nunca mais vivi em alegria.


Maria Helena Amaro
Inédito, julho de 2009

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

10 000 visitas


Hoje, dia 25 de dezembro o contador assinalou 10 000 visitas!
Agradecemos a todos os leitores que visitaram este nosso e vosso lar...
Este nosso espaço nasceu em 9 de novembro de 2011.
Esperamos que cada poema e conto seja para vocês fonte de prazer estético.
Um abraço virtual.
Um Santo e Feliz Natal!
Boas Leituras!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Retrato (2009)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotografia de António Sequeira)
 
 
Na minha sala há um retrato antigo
de uma menina a abraçar um cão.
Olhos gaiatos, a boca em coração,
rosto tão doce, sereno, tão amigo.
 
A menina me segue o dia inteiro,
olhos gaiatos a procurarem os meus.
E se fecho a porta, ela me diz adeus,
mais o seu cão de focinho matreiro.
 
Imagem viva que vejo a toda a hora,
recorda o tempo em que fui professora
e os alunos que me deram a tela...
 
Gravaram nomes; depois foram embora,
mas o retrato ficou como penhora
duma amizade. Recordação tão bela!
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 12 de julho de 2009 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Paisagem humana (Á Fina)


(Fotografia de António Sequeira) 


Fizeste de cada dia um mar de mágoas,
de viagens de logro e sofrimentos,
naufrágios longos em escuras águas,
em silêncios roxos sem lamentos.

Porque os rochedos te pareciam flores
e as espumas rendas/diamantes
cantavas às estrelas teus amores
em solfejos e rimas delirantes.

Marinheira sem barco e sem maré,
embarcavas todo o dia, toda a hora
em busca de uma praia apetecida...

Agora quando sais: Essa quem é?
Ninguém sabe que foste uma senhora
que um dia se perdeu no mar da vida.

Maria Helena Amaro
Inédito, 12 de julho 2009

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lenda (2009)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Diz a lenda
que no dia em que nasceste
as bruxas varreram o terreiro
fizeram uma fogueira
e dançaram, à roda
a noite inteira
debaixo do luar...

O teu pai sorriu
a tua mãe chorou
e a tua avó
com olhos cor de breu
rezou uma oração:
"Deus lhe dê as águas do batismo
e a ponha no céu...»
A parteira
ergueu-te nos espaços
e em abraço de ternura e fé
gritou com alegria
«que linda, que linda que ela é!»

Diz a lenda
que cresceste menina entre meninas
e ficaste para sempre
suspensa no luar...
Beijou-te o mar
e o vento, nas ondas altaneiras,
chamou muitas sereias
que o teu berço quiseram embalar

Diz a lenda...
que há de dizer a lenda
que não saibas?
E que não acredites?

A lenda é sempre a lenda
mentira prometida...
Com palavras bonitas.
Mas uma conta
que todas as bruxas
que dançaram
à volta da fogueira já morreram
apenas uma
ficou dançando à roda
uma estranha moda.
Nos caminhos da vida,
em ritmo maldito.

Diz a lenda...
mas eu não acredito!

Maria Helena Amaro
Inédito, junho 2009

domingo, 16 de dezembro de 2012

Memória - 2009



(Fotografia de António Sequeira)


Não quis o sonho
Rejeitei o sonho
Fui à procura do certo
e da verdade
Enchi a alma de poemas benditos
construi certezas vigorosas
amei a vida
perdi-me na cidade.

Se voltasse de novo
àquele tempo
eu agarrava o sonho
não rejeitava o sonho.
diria os poemas da minha alma
e entregava a Deus
o meu destino.

Ficou-me na memória
um sonho rejeitado
que podia ter sido
na minha vida um hino!

Maria Helena Amaro
Inédito, maio 2009




sábado, 15 de dezembro de 2012

Sempre















(Fotografia de António Sequeira)

Tudo o que fiz na vida foi errado,
em opções consideradas certas,
mas, nas horas escuras e incertas,
regresso, com dor, ao meu passado.

Tive réstias de Sol... pingos de mel,
punhado de flores e de ilusões,
mas vivi a mais dura das traições
em cálice de cristal cheio de fel.

Se vou, não fico... Se fico, quero ir...
penduro água nos olhos a sorrir
e o meu feito é livro bem fechado...

Os erros desta vida não se esquecem
e se os amores são rosas que perecem,
o meu amor vive em mim algemado.

Maria Helena Amaro
junho, 2009

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Identidade - 2012


(Fotografia de António Sequeira)

Sou toda em farrapos repartida.
Coração em Esposende, a alma, na Lousã.
Anda o meu corpo na cidade perdida
em busca da luz doce da manhã.


Ave imigrante de asa enfraquecida,
do mar me vem o Sal (sou tão salgada!)
No peito trago a fé e trago a vida,
barco à deriva de vela incendiada.

Sabe-me a boca à serra e às marés…
Percorro a minha vida lés – a – lés,
Nada quero anular ou esquecer…


Se o mar é sal, a serra é madrugada,
pertenço a três e não me resta nada.
Braga é a cidade que me viu crescer.


Inédito, Maria Helena Amaro
Braga, fevereiro de 2012


domingo, 9 de dezembro de 2012

Imagens da cidade












(Fotografia de António Sequeira)

Imagens da cidade
(Outono, 1951-1957)

Morava na Avenida. Ali em frente,
Naquele casarão avarandado,
que, para mim, foi lar abençoado,
no meu tempo de moça, adolescente.

Na primavera, ouvia a passarada,
a chilrear nas tílias floridas.
No verão via festas divertidas,
Na noite longa, alegre, acalorada.

No outono, os pares de namorados,
de regresso às lides liceais,
suspiravam entre arrufos e ais,
nos bancos da Avenida, enfeitiçados.

Caíam das tíbias as folhas amarelas,
que iam leves atapetar o chão.
Gravura bela a óleo ou a carvão.
Moças bonitas pendentes das janelas.

Vinha o inverno de dias mais pesados.
Braga era chuva, nevoeiro e frio.
A Avenida era um lugar vazio,
Depois da missa, ali, nos Congregados.

Era o tempo das aulas no liceu,
das notas, dos pontos, das corridas,
dos atrasos, das coisas esquecidas
das quimeras, dos sonhos… que sei eu?

(Ainda passo muitas vezes na Avenida
e ao ver o casarão tão arruinado…
- Que desencanto! – Os dias do passado,
já são canções de amarga despedida.)

O casarão enorme da Avenida,
era o ninho da Terra Prometida,
do acordar, do chegar e do partir!..

Sete horas da manhã! Tudo acordava.
Sob a varanda o elétrico tilintava,
vestido de amarelo, tão lento e a … sorrir!

Inédito, Maria Helena Amaro, novembro de 2012

sábado, 8 de dezembro de 2012

81º Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias – V


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Se sentires a orvalhada,
na noite de S. João,
sou eu que choro acordada,
pois perdi teu coração.

Ó menina não te deites
no meio da confusão...
Que os amores são deleites
que podem ser maldição.

Olha o céu! Olha o balão!
Olha a luz na noite escura!
Na noite de S. João
foste amor de pouca dura.


Maria Helena Amaro
Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias
 Neste concurso a autora utilizou vários pseudónimos.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

81º Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias – IV



















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Na noite de S. João
hei de brincar a valer...
Quer no ar, ou quer no chão
hei de ser tua mulher...

De tanto, tanto brincares,
na noite de S. João,
ficou-te um sonho nos ares,
e na barriga um balão...

Não vás cortar à roseira
o mais bonito botão...
Não faças dela rameira
na Noite de S. João.


Maria Helena Amaro
Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias

domingo, 2 de dezembro de 2012

81º Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias – III


 
 
(Fotografia de António Sequeira)
 
 
 
Não sei se vou ou se fico,
e pecar não quero não.
Mas, tu és um mafarrico
na noite de S. João.
 
Eu não tenho namorado
nem saiínha de balão,
mas tenho um cravo encarnado,
dentro do meu coração.
 
Por amar perdi a graça
e matei o coração...!
Esse desgosto só passa
na noite de S. João.


sábado, 1 de dezembro de 2012

81º Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias – II





(Fotografia de António Sequeira)


Ervas Santas, manjerico,
cravos, rosas, mais balão,
tanto par, em bailarico,
a espalhar-se no chão!


Com teus olhos a luzir
e a tua saia em balão,
lembras sinos a tinir,
na noite de S. João.


Por amor fui à fogueira,
a fogueira me queimou,
afinal fiquei solteira:
- S. João não me casou!



Maria Helena Amaro
Concurso de Quadras de S. João, 2009 - Jornal de Notícias