O poeta parou
A meio da montanha
A procurar nas negras pemedias
Um cardo todo em flor...
Surgiam madrugadas,
No ar andava uma canção de Amor!
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Se passam a cantar,
É bela a Primavera
E não há mistérios no luar...
Os olhos todos tule...
As faces radiosas...
Olhai o riso das crianças
Tão semelhante ao desfolhar das rosas!
Dançam as sombras estreitas
Numa rua sem sol...
Há dor a fustigá-las todo o dia!
Há Céu a espreitá-las todo o ano!
A vesti-las de esperança
Há risos de meninos
A rendilhar espaços
De etéreas mariposas...
Olhai o riso das crianças
Tão semelhante ao desfolhar de rosas!
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O Poeta morreu
Na montanha de negras penedias
Há cardos de cores belas...
A recordar o Céu
Ficaram as estrelas
A recordar a Vida
Ficaram as flores todas formosas...
A construir promessas
Ficou o riso das crianças
Tão semelhante ao desfolhar de rosas!
Maria Helena Amaro
In, «Maria Mãe», 1973
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