Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Adivinhas

(Ilustração de Maria Helena Amaro)



I

Posso ser branco ou cinzento
ter olho verde ou vermelho...
Como milho, como couve...
Gosto de erva. Sou o coelho

II

Vivo no mar por ser peixe,
se me fritam, fico bolha...
Eu sou um bom alimento.
Quem sou eu? Eu sou a solha

III

Já nasci na primavera.
Sou muito verde no verão.
No outono vou cair...
No inverno morro no chão...         folha


IV

Ou as agulhas me fazem,
ou a máquina me talha...
No outono ou no inverno,
sou quentinha, sou a malha

V

Sou amarelo, sou grão
do milheiro sou o filho...
De mim, podem fazer pão,
sou espiga. Sou o milho 

VI

Sou tão verde! Sou bonita!
Na água quente me encolho...
Danço sempre na panela...
Com batatas... Sou repolho


Maria Helena Amaro
Inedito, 1996
Dedicado aos alunos - 4º Ano 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Este meu filho segundo

 
(Fotografia de António Sequeira)
 
 
Embora pareça cato,
este meu filho segundo,
com todo este aparato,
ele é «o melhor do mundo!»
 
 
Deu-mo Deus para sorrir,
p´ra m´ensinar a brincar...
P´ra acreditar no porvir,
p' ra rir em vez de chorar...
 
 
Glória... a Deus nas alturas!
Digo eu; dizemos nós:
Não faças muitas loucuras!
Não nos deixes muito sós!
 
 
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 14 de abril de 1992

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Este meu filho primeiro

(Ilustração de Maria Helena Amaro)
 
 
 
Este meu filho primeiro
misto de aço e de flor,
tem coração de escuteiro
e alma de trovador.
 
A cursar Filosofia
com seu ar independente,
da vestuta Academia,
foi eleito Presidente.
 
Tem uma vida agendada
de tal forma preenchida,
que nela não cabe nada
das "coisas fofas" da vida...
 
Traz a Paz e a Harmonia,
uma serena Alegria,
nesse seu olhar profundo...
 
Deu-mo Deus. Ao oferecer
entre os bons, quais escolher
«o melhor filho do mundo!»
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 20 de abril de 1992


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Corpo Humano - Aparelhos

(Fotografia de António Sequeira)
 
 
1 - Abre a boca, trinca o dente
peixe, carne, fruta e pão.
Vai tudo ter ao estômago
No trabalho digestão.
 
 
2- Sangue, artérias e veias
juntos na mesma função,
trabalham noites e dias
às ordens do coração.
 
3- O nariz, a boca, a traqueia
andam todas em funções...
Entra o ar e sai o ar
trabalham bem os pulmões.
 
4- Faz a limpeza de todos
o sangue a isso o obriga.
Trabalho bem importante
dos rins, ureteres e bexiga
 
Se dedicares ao teu corpo
higiene e atenção,
Nunca ficarás doente
Darás força ao coração.
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 1996  (dedicada aos seus alunos do 4º Ano). 


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dia de Anos (Tó 2002)

 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)
 
Quando nasceste
vieste encher
o lugar
de um sonho adiado.
Tão pequenino
foste para mim
a maior gota
de amor
desprendido no mundo...
Aprendi contigo
a ser Mãe.
Contigo ri
cantei
chorei
rezei.
Agora
que estás longe
e o sol não vem
todos os dias
reconheço
como foi breve
o tempo que vivi...
Neste dia
vai o meu abraço
de ternura!
Abraço sem medida!
Cresceste tanto!
Cresceu tanto a vida!
Cresceu o mar
que separa o Continente
 
Mas
mesmo que a vida
seja uma montanha
de íngreme subida,
tu estás aqui
Presença sentida
serenamente.
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 20 de abril de 2002

domingo, 26 de agosto de 2012

Dia de Anos (Pedro António, 2006)

(Fotografia de António Sequeira)
 
 
 
Talvez eu possa pegar num violino
e tocar para ti a melodia
feita de luz, amor e alegria
agora que és feliz e pequenino.
 
 
Quando cresceres
«please», por favor,
guarda na tua ideia
o nosso Amor!
 
Maria Helena Amaro
Inédito, outubro 2006


sábado, 25 de agosto de 2012

Dia de Anos (Fafá, 2006)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)
 
 
 
Mesmo que a vida te empurre
numa força desmedida,
não deixes que te derrube
empurra com força a vida!
 
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, 21 de outubro de 2006

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Lágrima

(Fotografia de António Sequeira)
 
 
 
Se acordares
de manhã cedo
com uma lágrima suspensa dos olhos
não a enxugues
deixa que corra livre
tão livre e magoada
como a tua alma
que acorda coberta de agonia...
 
Talvez encontres
alguém que a possa secar
e esconder
na mão estendida
e ternurenta...
 
Se acordares
de manhã cedo
com uma lágrima suspensa
dos olhos
não a enxugues
deixa que corra livre
tão livre e magoada
como a tua alma
que acorda coberta de agonia...
 
Talvez encontres Deus
na tua madrugada
para te cantar
as doces palavras das
aventuranças:
 
«Bem aventurada és tu
porque escondes na alma
uma agonia do tamanho do céu
e guardas para ti
uma réstia de esperança.
Serás por isso mesmo
consolada na vida
e na morte serena.»
 
Maria Helena Amaro
Inédito, julho de 2006
 
 
 


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Natal, 1997 (Pedro Miguel)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)
 
 
Saiu-me no totoloto
este filho grandalhão...
Atrevido e gafanhoto
mas, meigo, de coração.
 
 
Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro 1997.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dia de Anos (Pedro)

(Fotografia de António Sequeira)


Como o sábio louco
vai à procura
do teu balão
de ensaio...
Procura o maior
o mais brilhante
o mais colorido
mete-lhe dentro
um pouco de luz
um pouco de Fé
um pouco de ternura
mete o sonho
o riso
a esperança
e festeja todo o ano
os teus 28 anos
como uma criança
Sê feliz! 

Maria Helena Amaro
Inédito, abril de 1998
  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Natal, 2004 (Tó)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Deus te dê muita ventura,
do melhor que a vida tem.
Neste Natal com ternura,
beijos do pai e da mãe.

As aves cantam na terra
os anjos cantam no céu
eu canto ao meu filho Tó
que nos Açores "se perdeu".


Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2004


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Bodas de oiro

(Fotografia de António Sequeira)


Já são passados cinquenta anos,
desde o tempo da nossa formatura,
tempo de risos de sonhos de ternura
em que o dom da amizade cultivamos.

Com saudade e juventude recordamos
e porque não fizemos despedidas
nossos encontros encheram nossas vidas
e para sempre amigos nós ficamos

Neste encontro
aos que partiram Senhor nós vos rogamos
que lhes Dês a paz do Céu como tesouro...

Já são passados cinquenta anos!
Por esta idade Senhor  Vos louvamos
Ao festejar as nossas Bodas de Oiro.

Maria Helena Amaro
Inédito, abril de 2006 



domingo, 19 de agosto de 2012

Páscoa 2006 (Francisco Miguel)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Lá vem o nosso Francisco
tão contente a saltitar,
pega na mão da avó
e lá vai... a que lugar?

À varanda, à cozinha
à entrada ao patamar,
corre a casa um... um... um...
a querer dizer... a falar...


Menino, menino de oiro
quem lhe deu tamanho encanto?
na maroteira é tesoiro...
Tanto riso! Tanto! Tanto!

Maria Helena Amaro
Inédito, abril de 2006
  


sábado, 18 de agosto de 2012

Páscoa 2006 (Pedro António)

(Fotografia de António Sequeira)


Nasceu,
cresceu,
fala,
ralha,
canta,
e ri...

Diz que a avó não é inteligente,
mas, quando ela o
corre
à vassourada,
então,
acha piada
e salta de contente.


Maria Helena Amaro
Inédito, abril  de  2006


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Páscoa 2006 (António Manuel)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


De longe vieram sonhos
e sonhos foram embora,
à procura de flores...
Deus te dê dias risonhos
hoje e sempre a toda a hora
lá na terra dos Açores...


E, que um dia, finalmente,
voltes para junto da gente...


Maria Helena Amaro
Inédito, 20 de abril de 2006 



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Páscoa 2006 (Pedro Miguel)

(Fotografia de António Sequeira)

Fazer anos numa Páscoa
é coisa bem divertida
Páscoa é sinal de Amor
Páscoa é sinal de Vida.

Se a Páscoa for um só dia
é malmequer é engano...
A Páscoa é sempre alegria,
alegria todo o ano. 

... E para não teres tormento
não sejas tão rabugento!

Maria Helena Amaro
Inédito, 14 de abril 2006

Nota: Dedicado ao filho Pedro Miguel.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Páscoa 2006 (Lola)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Há sempre uma Páscoa
em cada vida
o que é preciso é vivê-la
colorida
e esperar o Sol que vai nascer...
Passa a vida aos poucos lentamente
o que é preciso é vivê-la
docemente
e docemente aceitar e esquecer...


Maria Helena Amaro
Inédito, abril de 2006

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mãe (Dia da Mãe 2005)

(Fotografia de António Sequeira)


Guardo na alma o teu doce sorriso
a suavidade das tuas mãos delgadas
os teus olhos cinzentos cheios de cor e riso,
os teus ditos jocosos, as tuas gargalhadas.

Escuto ainda as coisas que dizias
com palavras perfeitas, estudadas,
notas, avisos, tristezas, alegrias,
imagens tuas que querias recordadas.

Cantavas baixinho as bonitas canções
que trazias contigo do tempo de menina,
sentada calmamente na mesa de costura.

Eu olhava encantada; vivia de ilusões,
tu para mim eras fada divina,
um mundo de promessas, certezas de Ventura!

Maria Helena Amaro
Inédito, novembro de 2005


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Memória (À Alice Sequeira Pedroso)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)



Meu pai falava-me de ti
como se falasse de uma flor:
É radiosa
altiva
independente
Minha mãe, tua madrinha,
dizia-nos
a sorrir:
É inteligente
gentil e donairosa
tem jeito de senhora
e porte de rainha,
é uma rosa.
Mas um dia partiste
sem dizer um adeus
sem fazer despedida...
Também eles partiram...
mas ficaram comigo
no Amor toda a vida
E tu, tal como eles, nunca foste esquecida.

Maria Helena Amaro
Inédito, novembro de 2005.


domingo, 12 de agosto de 2012

Versos (falam...)

(Fotografia de António Sequeira)


Falam meus versos de noite
e nostalgia,
de dor, de vida amargurada,
de mim que canto
um hino de alegria
e que gosto de um boa
gargalhada....

Falam meus versos de risos
retorcidos
de dias gastos ao sabor do nada,
de mim que vivo
os meus cinco sentidos
e me quedo feliz, enamorada.

Falam meus versos de sonhos
recalcados
de saudade, de pena e solidão
de mim que amo os meus
dias passados
que me enchem de luz o coração

Falam meus versos de lutas
violentas
em que perdia a fé e a razão
de mim que sofro «o cabo das tormentas»
e levo o desespero pela mão...

Falam meus versos... sei  lá
de que é que falam...
Com eles nasço e morro
a cada instante...
Vozes que gritam e, que nunca se calam...
e me conservam viva e arrelante.

Falam meus versos...
Quem os vai escutar?
Perdem-se estrelas...
Quem as vai encontrar?

Maria Helena Amaro
Inédito, novembro de 2005


sábado, 11 de agosto de 2012

Rimas

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Canto em rimas meus dedos separados,
minhas mãos paradas e vazias,
meus abraços de sonho, alegrias,
meus caminhos de rosas salpicados


Canto em rimas meus sonhos destroçados
minhas marés de prata, fugidias,
minhas gaivotas em praias longas, frias,
meus dias cinzentos e parados

Canto em rimas anelos recordados
sonhos de sonhos doutros sonhos alados
horas de dor, doces, Avé - Marias...

Canto em rimas meus silêncios calados
e quando canto meus versos mal rimados
morro aos bocados em doces nostalgias.

Maria Helena Amaro
Inédito, janeiro de 2006



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Recordação (noite)

(Fotografia de António Sequeira)


Quando a noite descer
vais acender
um círio branco
num certo altar vazio...

encher os olhos de água
o coração de mágoa
e o corpo de frio...

Vai um fantasma branco
bater à tua porta
sem paz e sem perdão

Não o deixes entrar
Diz-lhe que não
que não
que não!


Maria Helena Amaro
Inédito, janeiro, 2006 


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Saudade (Alice Sequeira Pedroso)

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Deus sempre Põe Seu dedo
naquilo que cintila,
ofusca, brilha...
Naquela tarde pardacenta
estendeu-te os braços
e Chamou:
- «Vem minha filha!»
Tua alma fez voo de condor
e nós ficámos
na Esperança de uma Ressurreição
nesta incontida Dor!


Maria Helena Amaro
Inédito, 19 de novembro 2005.

Nota: 5º Aniversário de Falecimento de Maria Alice Modesta Sequeira Pedroso



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Dia de Anos (Tono)

(Fotografia de António Sequeira)


Nesta vida acidentada
Nós iremos vida fora,
Sempre, sempre, de mão dada
nem que seja a 10 à hora.


Maria Helena Amaro
Inédito, 16 de novembro de 2005.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Braga - Anos 50

(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Puseste a tua capa de estudante
e foste espalhar risos
pelas ruas da cidade...
Desceste a Avenida,,
passaste pela Arcada,
foste à Globo, olhaste a Brasileira,
Rua do Souto abaixo,
rumaste até ao Arco.

Depois
foste espreitar a Lusitânia,
o Passeio dos Tristes,
pouco mais...
E no Campo da Vinha,
no quiosque da Laura,
compraste dois postais...

Olhaste com humor
a esquina do Turismo
pejada de «mirones»
e os pastéis a rir na Benamor
As "tíbias"... os "secones"...
Elétrico a passar
pela Rua dos Chãos
direitinho ao Liceu...

Mas tu ias a pé,
sobe, que sobe Rua de S. Gonçalo...
Atravessavas
com passo de elefante
Largo do Campo Novo,
Rua das Oliveiras,
Igreja das Teresinhas,
Rua de S. Vicente,
com a tua capa de estudante
a ondular
no ar...

Era o tempo da música
na Avenida,
dos pares de namorados,
das verbenas e festas no Casino...
Saraus no Ateneu...
Da Missa "chic" ali nos Congregados...
Se bem me lembro,
o melhor de tudo
e tudo o mais,
era a festa do 1º de dezembro...

Ceia dos Cardeais
e as serenatas ao Luar
ali em frente ao Lar...
No S. Geraldo e no Teatro de Circo
passavam os filmes escolhidos...
"Amanhã será tarde"
"Ana"
"Sabrina"
"Direito de Nascer"
que enchiam de Amor
os corações perdidos...

Se voltares à cidade,
Não tragas espanto ou sentimento.
A velha cidade donairosa
tornou-se nestes tempos
a favor de ideias e projetos,
que a encheram de ruas e rotundas,
de bairros sem flores
de praças de cimento,
barulhenta, trapalhona, vaidosa.

Se voltares à cidade
em dezembro ou em maio
esquece as fitas
as festas
o Liceu...
Tudo passou
tudo se foi
tudo morreu...

Só ficou a saudade...
Agora, viva e fugaz
brejeira, satírica, mordaz
estonteante e ébria
passa a cantar
de estranho tricórnio
A Universidade!

Maria Helena Amaro
Inédito, outubro de 2005