Não há contas erradas
Nem ditados sujos,
Nem redações estranhas,
Nem cantigas paradas
Nem carteiras partidas,
Nem quadros escuros,
Nem castigos,
Nem ralhos,
Nem ditos, nem sermões…
Há um só livro de lindas orações!
Mas na Escola,
Onde há um Cristo suspenso da parede,
Naquela posição
Serena e tensa,
Como quem morre e nunca vai morrer…
Os meninos,
Os meninos que nunca hão de ser anjos
Usam calças rotinhas,
Caras sujas,
Pés trigueiros, descalços,
E calcam com meiguice
A poeira dourada…
E faltam à Escola,
Para caçar grilos escondidos,
Na berma da estrada…
Na Escola dos meninos anjos,
Os meus meninos anjos
Fazem ditados sujos,
Operações erradas,
Limpam as lousas com a ponta das asas,
E apanham do chão
As cascas das laranjas,
E metem-nas na boca,
Como se fossem pão…
Os meus meninos anjos
Vivem hoje,
Mas não sabem
Se amanhã viverão.
Maria Helena Amaro
In, «Maria Mãe», 1973
Isto acontece em todo o mundo.Gostei muito do blog.beijo de Varenka
ResponderEliminarAgradeço as palavras de apoio. O blogue vai sendo construído com dedicação e paixão. Um abraço.
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