Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ontem


À Conceição Rego



Era Primavera
A menina corria junto ao lago
Atrás das borboletas…
E as trancitas loiras cor de trigo
Adejavam no ar
Como estrigas de linho
Tinha saias de renda,
Blusa de algodão
E os sapatos salpicados de lama
Eram cor de salmão…


Era Primavera!
A menina parada olhava o chão
Sorrindo às violetas…
E as mãozitas brancas e pequenas
Agarravam as tranças
Com laços cor do Céu…
Tinha olhos azuis,
Dentitos de marfim
E as faces salpicadas de sardas
Eram cor de jasmim…

Quando a noite chegou
A menina de tranças cor de trigo,
Parada junto ao lago,
Colhia violetas…
E as estrelas mergulhavam nas águas,
Como cisnes doirados
Em rios de cetim…
E a menina, retorcendo sua trança,
Ficou como encantada,
Olhando o lago imenso,
Cobiçando as estrelas…

Depois…
Quando surgiu a Aurora
Etérea, transparente,
Envolta em rendilhados…
Encontrou a boiar,
Nas águas cor de esperança
Do lago da Saudade,
Duas trancitas loiras
Com laços cor do Céu…

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Era Primavera!
Ninguém corria atrás das borboletas
Nessa manhã de luz!...
Junto ao lago,
Nasciam lírios roxos,
Murchavam violetas,
Erguera-se uma Cruz!...

Maria Helena Amaro

In, «Maria Mãe», 1973


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