Zé
Eu dava tudo
Por um sorriso desses que me dás
Quando perdoo as tuas traquinices...
És tal e qual
Um botãozinho em flor
Encharcadinho de orvalho transparente
A pingar, a pingar
Alegria e ternura
Num poema de Amor...
Aqui muito em segredo
As tuas traquinices dão ventura...
Se não fosses tu
Assim, tonto de vida,
A nossa escola seria a casa velha
Onde os meninos aprendiam só
A pintar «Zés» vestidinhos de negro!
Deixa lá, Zé!
O milagre há de vir...
E alguém há de pôr
Escrito nos jornais
Que nos dias de sol
Nunca mais há escola, nunca mais...
E nós, então,
Havemos de ir os dois
Correr aos gritos, mãos dadas, campos fora
Caçar grilos, espantar pardais...
Trocaremos depois...
(Bem sabes que não deixo trocar nada...)
Eu serei o Zé... Tu serás a Senhora...
E tu darás lições
Escritas no quadro
Com giz feito do Sol
Que trazes nesse olhar tonto da vida...
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Meu Deus! Ia ser mesmo uma escola divertida!
Maria Helena Amaro
In, «Maria Mãe», 1973
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