Estendi os braços para o Sol
E a vida floriu nas sombras negras
Projetadas no chão…
Dos meus dedos brotaram açucenas
E os meus olhos regaram violetas…
Cavei com mãos de fogo
A terra calcinada
E os junquilhos nasceram mais viçosos
Nos olhos das crianças...
Pintei de verde o portal da Escola
E pedi aos meus meninos anjos
Que escrevessem azul no negro denso
Do quadro da sala…
Aos pés do Homem Deus pregado no madeiro
Suspenso na parede
Pus um punhado de lilases roxos
E um bilhete branco
Escrito à mão
Pela pior aluna
Da classe atrasada…
Pedi estrelas e delas fiz caminhos
Busquei estrelas e delas fiz viagens…
Agora
Não sei para onde vou
De mãos suplicantes
De pés suspensos em estranhas certezas
A escrever cantando
Os meus apelos verdes…
- Verdes são as esperanças!
- E dizem-me Poeta
Só porque gosto
Desesperadamente
De flores
De risos
De crianças
Maria Helena Amaro
In, «Maria Mãe», 1973
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