Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Entardecer



Gritavam as gaivotas na curva das ondas
e tornavam sinistro e magoado
o arenal deserto…
Eu caminhava na orla do mar
e enterrava os pés,
na areia humedecida da maré.
O mar era um braseiro
onde o sol se afogava…
as gaivotas saltitavam ligeiras
sobre a espuma branca
que as ondas formavam…


Gritavam as gaivotas nas curvas das ondas
e no silêncio feito de magia,
só os seus gritos preenchiam
o espaço deserto…
Nunca mais vi o pôr do sol no mar
e não mais passeei
descalça e divertida,
na orla da maré…

Ficou-me na memória
o grito das gaivotas
que tornavam sinistro e magoado
o arenal deserto…

Fora eu gaivota e iria voar,
naquele entardecer cheio de luz,
sobre a espuma que rendilhava o mar.

Mas não fui.
Mas não irei.
Ficarei para sempre a reviver
a doçura, a paz, a solidão:
- gaivotas a descer
- o mar a estender
- o sol a despedir-se
naquele entardecer…


Gravo a imagem que sempre me prende:
O pôr do sol na praia de Esposende.

Maria Helena Amaro
Inédito, 15 de Agosto 2004

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