Quando elas passam
Alegres de mãos dadas
De faces prazenteiras
A rir
Às gargalhadas
De laçarotes brancos
De bibes engomados
Ou descalcinhas, sujas,
Magras, esfarrapadas,
Eu escondo entre as mãos
Os meus olhos cansados
De andar outros caminhos
De procurar estradas…
Quando elas passam
De bolsa a tiracoloDe calção curto e camisola bordada
De riso quente
A ecoar nos céus
De olhos gaiatos a espelhar o sol
Entoando canções,
Quedo-me toda de alma ajoelhada
Murmurando canções…
E porque nelas vejo a primavera
A prometer Estio,Quando as vejo passar
A rir, a saltitar,
É como se passasse
Nesta rua sem sol
Sem paz e sem amor
A promessa serena
Dum amanhã melhor!
Maria Helena Amaro
In: Maria Mãe, 1973
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