(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Já perco de memória os meus poemas.
Já não retenho letras e canções.
Falo com Deus e com os meus botões.
Já adormeço entre noites e penas.
Já não escuto com paciência histórias
de poder, de riqueza e de vaidade.
Já não aceito tanta vulgaridade
que se constrói com loas e glórias.
Vejo morrer amigos e parentes.
Quebram-se as unhas e oscilam os dentes.
Sinto aos poucos que a vida se esvai.
Apenas retenho na lembrança
dos tempos distantes de criança
o rosto e o sorriso de meu pai.
Maria Helena Amaro
12/8/2013
Sem comentários:
Enviar um comentário