(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Tão longe da vida estou
tanta riqueza desdenho
que nem parece que sou
a mãe dos filhos que tenho.
O sonho porque lutei
aos poucos tudo perdi.
E agora que me encontrei
regresso donde fugi.
Sou uma ilha deserta
cercada de verdes águas
de aves famintas coberta
que se alimentam de mágoas
Lancem boias façam pontes
Venham tirar-me daqui
Transformem águas em montes
com flores que nunca vi.
Pior que a ilha deserta
é este meu coração
Noite e dia a porta aberta
e sempre a mesma solidão.
Maria Helena Amaro
Lousã, setembro de 1981.
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