(Fotografia de António Sequeira)
Avó Ana sentava-se à lareira,
a atear com jeito o seu brasido,
soltava um ai, um suspiro, um gemido,
como se fosse triste carpideira.
Feliz, não era, não, a triste avó.
Viúva cedo no florir da vida,
criara um filho com dor e muita lida,
a cultivar as terras sempre só.
Contava-nos histórias de pasmar:
fantasmas, lobishomens, feiticeiras,
faunos e bruxas a dançar nas fogueiras,
modas do demo, debaixo do luar…
Nossas maleitas sabia bem curar:
chás e tisanas e defumadoiros,
rezas, evocações, a murmurar
como se fosse a fada dos tesoiros!
Ficou-me na lembrança essa senhora,
que falava e dizia a toda a hora,
frases curtas, ordenadas, secas.
Avó Ana dos meus tempos de criança,
que me ensinava, em horas de bonança,
a construir à mão lindas bonecas!
a atear com jeito o seu brasido,
soltava um ai, um suspiro, um gemido,
como se fosse triste carpideira.
Feliz, não era, não, a triste avó.
Viúva cedo no florir da vida,
criara um filho com dor e muita lida,
a cultivar as terras sempre só.
Contava-nos histórias de pasmar:
fantasmas, lobishomens, feiticeiras,
faunos e bruxas a dançar nas fogueiras,
modas do demo, debaixo do luar…
Nossas maleitas sabia bem curar:
chás e tisanas e defumadoiros,
rezas, evocações, a murmurar
como se fosse a fada dos tesoiros!
Ficou-me na lembrança essa senhora,
que falava e dizia a toda a hora,
frases curtas, ordenadas, secas.
Avó Ana dos meus tempos de criança,
que me ensinava, em horas de bonança,
a construir à mão lindas bonecas!
Maria Helena Amaro
Inédito – 26/07/2009
Inédito – 26/07/2009
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