(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Procuro-me
e não me encontro.
e se me encontro
não quero
aceitar do meu encontro
o que parece sincero...
Ando à procura de mim
e perdi-me na estrada
sem rumo
lá vou assim
como o vento como o fumo
atrás de tudo
e de nada...
Sou como a pedra da rua
no solo, desencontrada...
não encontro
o meu buraco
e se o encontro
não quero
ser de novo emparedada...
Tenho asas e não voo
apenas sei
rastejar
e se ensaio um voo novo
não sou capaz
de voar...
Se estendo a minha mão:
não sei o que procurar...
Só sei
que o meu coração
está preso no batelão
onde se vai afogar...
Devagar... devagarinho
estendo o corpo no chão
talvez encontre o caminho
deitada no meu caixão.
Maria Helena Amaro
Inédito, maio, 2004
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