(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Desce sobre mim a noite escura,
noite escura que tem nome e tem voz,
noite de breu, semblante feroz,
palavras loucas de raiva e amargura.
Não é na noite que a minha alma procura
a paz dos anjos; esta paz é atroz,
escondida assim dentro de nós,
mostrando aos outros que existe só ventura.
Viver assim é dor, é desventura,
é caminhar na calçada fria e dura,
os pés sangrando, em corrida veloz...
Se minha alma se sentisse segura,
nesta noite, pertença de ternura,
ninguém diria que vivemos sós.
Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro, 2009
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