(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Olho o espelho... e não me reconheço,
em tantas coisas me tornei diferente,
tudo parece etéreo, transparente...
A vida corre e em tudo tropeço.
O espelho dá-me a vida que mereço...
E tudo em roda, me parece ausente...
Tudo se vai... se esfumeia, de repente...
Nada sonho, nada quero, nada peço.
A primavera já não tem regresso...
O verão se foi tão frio e tão disperso
e o outono vem pardo e indolente...
Olho o espelho... perdi o endereço,
de tantas coisas que tiveram começo
e se findaram no inverno presente.
Maria Helena Amaro
Outubro, 2014
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