(Ilustração de Maria Helena Amaro)
É nesta solidão que eu me encontro
e ponho nome às coisas e ruídos
pelo cheiro
pelo som
pela forma
e encho os meus sentidos.
É nesta solidão que eu me encontro
que recordo os tempos que passaram
Não lhe chamo Saudade
pois todos os dias estão comigo
e ficam comigo
toda a tarde...
É nesta solidão que eu me encontro
e rezo o meu rosário
e ofereço cada conta
por alguém que partiu e não voltou
Descubro assim quem sou
donde venho, onde estou,
para onde vou
e não vou caminhar
em sentido contrário...
É nesta solidão que eu me encontro
escrevo e sonho
e me sei descobrir...
Solidão tão povoada
tão colorida tão doce tão fagueira
é nela, que me encontro
neste silêncio e luz que não comprei
mas que herdei
e cultivei
que recebi e dei
a vida inteira!
Maria Helena Amaro
Inédito, 2/11/2004
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