(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Tão bonita
tão bonita
tão bonita a minha Mãe!
Com a blusa de chita,
de laçada tão catita,
que lhe ficava tão bem!
Minha Mãe
foi para o Céu
num dia quente de Verão.
Que grande mágoa, Deus meu,
que minha alma se perdeu
e com ela o coração...
Suave era o seu gosto
cheio de serenidade:
sempre encobria o desgosto
e se sorria, com gosto,
só demonstrava bondade.
Tão bonita
tão bonita
tão bonita a minha Mãe!
Tão ativa e expedita
que afastava a desdita
e nos punha todos bem.
Se tu soubesses, ó Mãe
as voltas que o mundo deu...
Gostava de te contar,
gostava de te falar
todo o tormento que é meu...
Fecho os olhos
cerro os olhos
e sempre, sempre te vejo
a dar a todos ternura,
e até na amargura
tinhas um gesto e um beijo...
Agora que não te vejo
alegre, entre os mortais,
fica comigo o desejo
d'escrever no meu solfejo
versos... versos...nada mais!
Maria Helena Amaro
Inédito, julho 2004
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