(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Ao lembrar anos passados
que me fizeram chorar...
Sinto morrer aos bocados
e não vou ressuscitar.
Ruas estreitas da vida
filhas do Sol pardacento
em que sofri escondida
sem gritar e sem lamentos
De vez em quando, fantasmas
me vêm atormentar,
cinzas negras de outras chamas,
que eu não quero atear.
Lá vou descalça na vida,
vestidinha de farrapos
a alma toda encolhida
embrulhada nos meus trapos.
Vem o sol a despontar
trazer-me alegria aos molhos.
Mas eu não quero chorar
e fecho, de manso, os olhos.
Se cheguei, já não estou...
se estou, quero ir embora.
Só Deus sabe quem sou...
E, então, porque demora?
Maria Helena Amaro
Inédito, setembro, 2005
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