Quando eu morrer
e Deus me der
as asas que eu merecer
É sobre ti que irei voar
vestida de canções e de luar
depois de entardecer
Meu voo solitário
farei sobre a cidade
a procurar no branco casario
erguido junto do rio
um nome escrito a ouro
de ternura e saudade...
A Alta e Baixa, o Rio, a Torre de Anto
o Mondego, a Portela, o Quebra Costas
O Choupal, a Visconde da Luz
Estação Velha, Penedo da Saudade
Quinta das Lágrimas
Café de Santa Cruz...
Retiro dos Poetas
Na quietude de alma que adormece
é lá que eu vou voar
é lá que vou permanecer
Se Deus me der
as asas que eu merecer...
Comigo vai viver
um sonho de menina
tão velho como o arco
do Arco da Almedina...
Quando eu morrer
e Deus me der
as asas que eu merecer
Em ti, Coimbra, vestida de luar
vou repousar
este desejo
sem conta sem medida
poder cantar-te em vida.
Maria Helena Amaro
Inédito, outubro, 2005
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