(Fotografia de António Sequeira)
Vou na cidade vestida de cinzento,
pois de cinzento se veste esta cidade.
Cidade velha, cansada, sem idade,
com gente nova, agreste, em movimento.
Vou pelas ruas e canto o desalento,
o desemprego e a mendicidade...
E o aparato de tanta mocidade,
entontecida, correndo atrás do vento...
Eles correm contra o curso, em espavento
como se a vida não tivesse tempo,
como se o curso fosse eternidade.
Vou na cidade vestida de cinzento.
Acho tão triste este meu passatempo
que me recolho toldada de saudade.
Maria Helena Amaro
Outubro de 2013
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