(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Não quero
não me submeto
a um novo padrão...
Meus braços são asas de gaivota
e os meus passos
voos de condor...
Lá vou
lá vou no vento
como doida varrida
entre o não
e o sim tão repartida
a procurar o sol
a lua
a nuvem do espaço...
Sou como a chuva
sou assim
transformo a água dos meus olhos
em rios de cetim...
Sou como a neve
se me esmagam no chão
devagarinho
transformo-me em lama
nas pedras do caminho...
Sou como a tília velha
da Avenida
por fora verde
por dentro carcomida.
Não quero
não me submeto
a novo padrão.
Deixem- me ser assim
São meus amigos
e a contar
são tantos!
E se desistirem de o ser
fica o papel e a pena
para poemar os desencantos.
Deixem-me ser assim
De outra maneira
seria pena
seria uma asneira
deixava de ser eu
a tola Helena.
Maria Helena Amaro
Inédito, dezembro de 2009
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