(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Pendurei à janela do meu quarto
o meu lirismo
o meu retrato...
e alguns poemas loucos...
O povo passava
lia
sorria
gostava
e dizia:
- São poucos!
Queremos mais!
Fui ao caderno do meu lirismo agudo
vasculhei tudo
e coloquei os tais...
D. Prosa Mesquinha
minha vizinha
veio às janelas
- tão velha e tagarela -
e disse às estrelas:
"É demais!"
Não gostei do aviso
que me deu prejuízo.
Peguei no caderno
de capa cor de mel
parti canetas
amassei o papel
mandei o lirismo p´ras urtigas
deixei-me de cantigas
fechei cancela e portas
e hoje
tão lenta e vagarosa
ando em prosas mortas
a poetar rimas tortas!
Sem papel
sem caneta
sem lirismo...
e... sem botas!
Maria Helena Amaro
26 de novembro de 2015
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