(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Minhas quimeras, meus sonhos, meus anelos
Ninguém os viu, ninguém os encontrou
foram-se com o tempo fugaz que os levou
má desventura a minha de perdê-los
Busco-os no espaço vazio dos meus olhos
em que sonhei não mais os encontrar
que importa o sonho - miragem salutar -
se elas estão tornados em abrolhos?
Um é chaga, outro dor, outro desgosto
outro as sombras sulcadas no meu rosto
outro o eco dolorido dos meus ais
Pergunto se voltou, um sopro, um gemido
ao meu olhar no espaço perdido
e ele diz-me: Nunca mais! Nunca mais!
Maria Helena Amaro
18/03/1955
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