(Ilustração de Maria Helena Amaro)
O meu coração vadio
quer sair da tua mão...
Coração tão arredio
não merece compaixão...
O meu coração vadio
quer sair da tua casa...
Coração cheio de frio
à procura de uma asa...
O meu coração vadio
quer sair do teu caminho...
Tal como a água do rio
corre atrás de outro carinho...
O meu coração vadio
há de perder-se na rua...
Não tem vergonha nem brio
leviano como a lua.
O meu coração vadio
já cansou do teu bem querer...
Agora eu já sei... eu vi-o
lentamente vai morrer...
O meu coração vadio
quando morto, mesmo a sério
põe-no em terreno baldio,
longe do teu cemitério...
Não vá ele fugidio
num gesto desesperado...
Ir cantar ao desafio
este tormento calado...
Ir cantar fio, por fio
coisas mortas do passado,
este coração vadio
que vive tão destroçado!
Maria Helena Amaro
Maio, 1990
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