(Fotografia de António Sequeira)
Trouxe-me o vento quente o choro dos pinhais
que o fogo crepitante chorava veloz
ardia a serra toda numa agonia atroz
entre gritos, lamentos e suspiros mortais.
Caíam feitas tochas as árvores colossais
sobre a terra escaldante numa dança feroz
e o fogo vermelho rolando como noz
ia saltar no mato, nas vinhas, nos casais...
Num espanto de dor que não termina mais
olhando a serra em brasa em proporções fatais
sinto já nem ter alma, nem coração, nem voz...
Gritam as urzes: esses homens brutais
que lançam fogo à mata são chacais
e deviam estar em cinzas como nós!
Maria Helena Amaro
Foz de Arouce
14/08/1989
(Publicado no Jornal de Serpins)
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