(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Não me limpes as lágrimas.
Sempre detestei
que me limpassem o rosto
quando choro...
As lágrimas são salgadas
mas são minhas
é só um gesto meu
deve poder limpá-las...
Se eu não quiser
as lágrimas de sal
vão cair livremente
como livre é a dor...
de te sentir ausente...
Não quero que as vejas...
Não quero que as tenhas...
nem sequer um momento
na tua crua mente...
Não me limpes as lágrimas
(é o vento que retém as ondas...)
O meu ser é do vento
e eu vou retê-las
apenas se quiser...
Tu não sabes o que é chorar...
Se a pedra fosse gente
tu eras como pedra
muda
bruta
uniforme
pesada
agreste
ausente
Maria Helena Amaro
Esposende, 1990
Agosto
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