(Fotografia de António Sequeira)
A dor é persistente, ferida, dura,
como rude montanha a escalar.
Lá no cume tem raios de luar,
mas, na base há noite fria, escura.
A escapada é morosa, insegura,
tem laivos de tristeza a suspirar.
O corpo velho sente a alma a levitar
numa dança sem voz, serena e pura.
A escalada da dor exangue dura,
permanece, na vida, não se cura,
é deusa, enorme, como o mar.
É um estado de pesquisa, de procura.
Não há nela esperança de ventura,
mas no cume há o sol a espreitar.
Maria Helena Amaro
Outono, 2014.
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