(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Não pares
não tentes bater à porta.
fechada às portas da vida...
Avarenta do meu redor
não dou pousada a ninguém...
Quem quer partilhar comigo
minha miséria dourada?
Vai adiante,
não pares!
Deixa a pergunta no ar...
Há caminhos luminosos
onde ninguém passou
só por passar...
Deixa-me só!
Deixa-me só com os farrapos roxos
dos meus sonhos azuis...
Nas tardes de solidão
Um... Dois... Três...
Quero contar
Chego a contar um milhão
das horas todas vazias
dos dias todos do mês...
Minha miséria dourada,
de verdade,
é quase nada....
Choro e canto
e sofro... e rezo!
Às vezes sonho também!
Avarenta do meu nada
não dou pousada
a ninguém!
Ai estas horas vazias...
Estas horas ninguém
tem!
Maria Helena Amaro
31 de agosto de 1960
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