(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Menina do sonho, das tranças caídas
das tranças caídas, tão negras e belas
de faces mimosas, morenas, garridas
de olhos suspensos em tantas estrelas...
Que sonhas, menina, de olhos perdidos
brilhantes, profundos, cheios de mistérios
de gestos parados, de braços pendidos
estátua jacente d'algum cemitério...
Menina do sonho, das tranças caídas
de olhos sombrios, cheios de tormento...
De pés pequeninos, de saias compridas,
rodadas, vistosas, ondulando ao vento...
De olhos voltados p´ra tantas estrelas
que rezas, menina, em muda oração?
Teus olhos rasgados são duas janelas
onde se debruçam fadas de ilusão?
Menina do sonho, das tranças caídas
a noite é infinda no teu firmamento
que fazes, menina, auroras perdidas
suspensa no alto nesse encantamento?
Que sonhas, menina, nas noites serenas
nas noites de tule, tão negras e belas
no peito, cruzadas tuas mãos pequenas,
de olhos suspensos em tantas estrelas?
Menina desperta do sonho profundo
estende os teus braços às nuvens que passam
menina olha a vida, menina olha o mundo
as sombras aladas que no ar esvoaçam
Ensaia o teu voo não queiras ficar
metida no pó das grandes planuras
o dia se fina muito além do mar
e o sol só desponta nas grandes alturas...
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Menina das tranças tão negras e belas
de olhos suspensos em tantas estrelas!
Maria Helena Amaro
16/08/1957
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