(Fotografia de António Sequeira)
Imagens da cidade
(Outono, 1951-1957)
Morava na Avenida. Ali em frente,
Naquele casarão avarandado,
que, para mim, foi lar abençoado,
no meu tempo de moça, adolescente.
Na primavera, ouvia a passarada,
a chilrear nas tílias floridas.
No verão via festas divertidas,
Na noite longa, alegre, acalorada.
No outono, os pares de namorados,
de regresso às lides liceais,
suspiravam entre arrufos e ais,
nos bancos da Avenida, enfeitiçados.
Caíam das tíbias as folhas amarelas,
que iam leves atapetar o chão.
Gravura bela a óleo ou a carvão.
Moças bonitas pendentes das janelas.
Vinha o inverno de dias mais pesados.
Braga era chuva, nevoeiro e frio.
A Avenida era um lugar vazio,
Depois da missa, ali, nos Congregados.
Era o tempo das aulas no liceu,
das notas, dos pontos, das corridas,
dos atrasos, das coisas esquecidas
das quimeras, dos sonhos… que sei eu?
(Ainda passo muitas vezes na Avenida
e ao ver o casarão tão arruinado…
- Que desencanto! – Os dias do passado,
já são canções de amarga despedida.)
O casarão enorme da Avenida,
era o ninho da Terra Prometida,
do acordar, do chegar e do partir!..
Sete horas da manhã! Tudo acordava.
Sob a varanda o elétrico tilintava,
vestido de amarelo, tão lento e a … sorrir!
Inédito, Maria Helena Amaro, novembro de 2012
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