(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Escuros pinheirais, o mar, o monte
água fresca caindo de uma fonte
Como tudo é verde à minha vida!
A igreja... o alto campanário...
Que lindo! Que belo este cenário!
Só a mão de Deus... a mão d'artista!
Há pouco que o céu escureceu
a terra toda então humedeceu
e a bruma envolve as casas brancas...
Ao longe brilha uma luz: é o farol
agora é ele a luz é ele o Sol
ao longe dobram sinos: falas santas...
Os sinos vão dobrando tristemente
a chuva vai caindo lentamente
e vem lavar de manso esta vidraça...
Erguem-se ao longe as asas de branquinhas
há fios doridos de andorinhas
e junto a mim uma pomba esvoaça
Mais ainda... As serras imponentes
Prados verdes, searas reluzentes
O mar, o rio, o céu azul imenso...
As casas são estrelas semeadas
no vasto monte escuro levantadas
ao infinito todo, grande, extenso...
E a chuva lava os vidros das janelas
borboletas brincam detrás delas...
É quase noite. Tudo escureceu...
Moças bonitas escondem-se a fiar...
O mar é vida... A vida é toda mar...
No mar se fina quem no mar nasceu...
Ergue-se todo... entristece a cantar
com ondas lindas tecidas de luar
da cor do oiro ou brancas de linho...
Cantando à noite morrer a murmurar,
junto aos rochedos... ali na praia-mar
Morre a cantar uma canção ao Minho!
Maria Helena Amaro
Esposende, 24/08/1952
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