Em Fevereiro,
As acácias ficavam em flor
E a serra cobria-se com um manto
Em tons de oiro e mel…
As ovelhas saíam para o pasto
suculento e soalheiro,
e o pastor,
sentado debaixo dos salgueiros,
lançava no Ceira
barquinhos de papel…
Sentavam-se os velhinhos,
nos degraus da escada,
à espera do sol…
As avozinhas tricotavam as meias,
com as agulhas dançando em rodopio,
como num carrossel …
Tão feliz era a criança da aldeia,
Em casa dos avós!
Havia um rebanho em cada eido,
uma nora,
um cata-vento,
uma figueira,
uma andorinha arrastar a asa,
um galo cantador,
uma galinha choca poedeira…
uma dona de casa.
A manhã era fresca,
a tarde pardacenta,
e ao serão à lareira esfusiante,
as tias contavam as histórias
do João Soldado,
da Gata Borralheira,
da Ti Maria Benta,
do Hilário estudante…
E, quando ia dormir,
entre os lençóis de linho perfumado,
o sono era um vôo de pardal,
canto de cotovia,
entre sonhos de riso
que o sol ia trazer
do despontar do dia…
Em Fevereiro…
eu voltei ao Passado
Que saudade tão doce!
Que Alegria!
Maria Helena Amaro
Inédito, Janeiro 2011
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