(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Cerro a cortina. Não quero ver ninguém.
Quero paz, quero noite, quero calma.
Quero descer ao fundo de minha alma.
Quero curar as feridas que ela tem.
Amanhã de manhã abro a janela
e recebo no rosto a madrugada.
A minha alma já não sentirá nada,
pois encontrou na noite a minha estrela.
Na noite sou rainha, no dia sou mendiga.
A vida vai passando ao som de uma cantiga
A minha alma se encolhe ao som de uma guitarra
No corpo velho, alma de rapariga,
trabalho sol a sol como velha formiga.
Mas tenho a sina aérea da cigarra.
Maria Helena Amaro
Janeiro, 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário