(Fotografia de António Sequeira)
O Presépio da igreja
lá da aldeia era um primor
Tinham-no feito os pequenos
da irmã do Sr. Prior...
Viam-se nele os Reis Magos
a caminho de Belém
As coisas que eles levavam
ninguém teve, ninguém tem...
Toda a gentinha ficava
a olhar o Deus-Menino
Deitadinho nas palhinhas
sorridente, pequenino...
O João, um rapazito
seis anos talvez tivesse
De mãos unidas direitas
rezava a Deus este prece:
Ó Meu Menino Jesus
deitadinho nas palhinhas
Dá-me um carrinho de bois
puxado a duas vaquinhas
Dá-me um avião azul
que possa andar pelo ar
e um barco de cortiça
para pôr a navegar
Eu vou pôr no meu sapato
lá em cima na lareira
Menino Jesus escuta:
Também queria uma traineira!
Se as prendas que eu te peço
custarem muito dinheiro
Dá-me só um assobio
e um fato de marinheiro...
E um boneco de corda
da feira de S. Miguel
E um carro de bombeiros
como tem o Manuel
Sabes que não sou maldoso
que gosto de obedecer
Digno bem toda a doutrina
e no livro já sei ler...
E o Menino Jesus
tão loirinho, tão formoso
ficou triste ao escutar
o João ambicioso
E deitou-lhe um rebuçado
enrolado em papel verde
com um bilhete dizendo:
- "Quem tudo quer, tudo perde..."
Maria Helena Amaro
1958
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