(Ilustração de Maria Helena Amaro)
É impossível que eu tenha escrito
Tantos sonetos repassados de dor...
Fui eu quem os cantei ou foi o Amor?
Se fui eu não sei... nem acredito...
Ainda há pouco quando os soletrei
alguém me disse com voz emocionada:
«Quem os cantou? Pobre alma torturada!»
E eu respondi: "Quem os cantou não sei!...»
Não sei... Não sei... Só sei que fui alguém
alguém muito diferente do que sou
alguém sem vida, sem começo ou fim...
Fui eu quem os cantei? Ninguém! Ninguém!
O grande Amor que eu cantei passou
E eu passei... (Esqueci-me de mim!)
Maria Helena Amaro
1956
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