(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Aos dez
anos, eu contava as estrelas
e minha avó
dizia
que me riam
nascer cravos nas mãos.
Eu não acreditava…
Aos vinte
anos, punha nomes às estrelas:
Alegria, esperança,
amizade, amor,
e colocava o
teu rosto numa delas…
Aos trinta
anos, agrupava as estrelas,
em tamanhos
e cores…
Sonhava para
elas,
ramalhetes e
laços, nós, atilhos,
e podia
mirá-las,
nos olhos dos
meus filhos…
feliz e sem
agravos…
na mão
direita nasceram treze cravos!
Aos quarenta
anos,
na escuridão
do meu terraço,
eu olhava as
estrelas cadentes,
envoltas em
rendas transparentes
e reclinava
a cabeça,
na dobra do
teu braço.
Aos
cinquenta anos, eu chamava as estrelas,
olhava-as
com ternura,
achava que
eram doces e serenas,
e poderiam
iluminar a minha noite…
fazia-lhes
poemas.
Aos sessenta
anos, as estrelas fugiam
aos meus
olhos cansados…
Eu contava-as,
recontava-as…
e sempre as
descobria, que ilusão,
a tentar
penetrar,
neste meu
coração!
Aos setenta
anos… onde vejo as estrelas?
Chamo por
elas… e por elas me perco…
e por elas
procuro um rumo certo,
novas ruas,
novos sonhos, novos afetos…
No céu não
há estrelas,
andam todas
bailando
nos olhos
dos meus netos…
Aos oitenta
anos… que sei eu?
Onde vou eu
sem estrelas penduradas
no escuro do
céu?
Tenho uma
ideia bela!
Quando eu
morrer
vou pedir ao
Senhor
que ponha a
minha alma
bem juntinho
da tua
a sorrir no
escuro
no meio de
uma delas
Senhor,
Senhor das coisas belas!
Maria Helena Amaro
Inédito
11 de junho 2017
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