(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Sou a cigana de alma esfarrapada
que encontraste um dia...
à tua espera na curva da estrada...
Lembraste amor dos meus olhos em sol
e da asa escura
daquele pássaro que passou por nós
em direção ao céu
a rir à gargalhada? ...
Lembraste, amor?
Ai se meus risos fossem badaladas
havia de contar uma por uma
as minhas horas tristes.
Estas horas paradas
em que te espero suspensa do regresso
a murmurar
tão longe já da curva da estrada
- Sou uma cigana esfarrapada...
Maria Helena Amaro
Outubro, 1962
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