(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Coração de vidro trazes
pendurado no teu peito...
Vê lá o mal que lhe fazes
balouçando, assim, sem jeito...
Coração de vidro fino
num constante baloiçar...
Ainda tão pequenino
e já sujeito a quebrar!
Não gosto de ver brincar
com os corações por gosto...
Se o vais estilhaçar
imagina que desgosto!
Também trouxe um coração
pendurado no meu peito...
Agora, vejo-o no chão
em mil pedaços desfeito...
Bem gostava de o ter
de novo no meu pescoço...
Mas quem mo partiu não quer...
E eu sozinho não posso!
Coração, nunca tocado,
deve andar sempre escondido.
Não o tragas pendurado
no decote do vestido.
Quis mostrar, o meu à vida
e a vida mostrou-me a dor...
Alma de negro vestida,
num coração sem Amor!
Maria Helena Amaro
setembro, 1975
Sem comentários:
Enviar um comentário