Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

domingo, 30 de junho de 2013

Cantiga


 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Menina da trança loira
de cor de rosa vestida
saltos alegres na corda
tão contente e divertida

Quem me dera a mim saltar
na corda sem nós da vida!

A cor de rosa é Amor
a cor de rosa é Pureza
A cor de rosa é ternura
A cor de rosa é beleza...

Quem me dera a mim saltar
a corda sem nós da vida
de cor de rosa vestida!

Maria Helena Amaro
1970
(Concurso Pedro Homem de Melo)

sábado, 29 de junho de 2013

Mãe (1981)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)
 

Melhor que todas as mulheres da terra,
Amiga, companheira dedicada,
És minha Mãe, vida da minha vida!

Quero oferecer-te neste dia lindo,
Um presente feito com amor,
Enfeitado de ternura e paz...
Rezo baixinho ao Deus de todo o mundo
Invento frases e sonhos para ti...
Digo, bem alto, que sou feliz contigo...
Amo-te muito, minha querida Mãe!

Maria Helena Amaro
Inédito, maio de 1981


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Oração


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Meu Deus,
é linda a primavera
e eu não sei cantar...
As estradas coalhadas de Sol
enfeitam-se de rendas
e cobrem-se de azul...
E à noitinha,
perdidas nos valados,
debaixo de luzeiros
andam borboletas de água a cintilar...

Meu Deus
Meu Deus das coisas belas,
é linda a primavera
e eu não sei cantar...

Passam por mim
os rostos todos luz
as raparigas cheirosas a giestas
e as minhas  alunas
as minhas alunas pequeninas
trouxeram-me ontem
para enfeitar a sala
um ramos de camélias pequeninas...

Vai dizer-lhes ó Deus
que a professora
não pode ver chegar a Primavera
sem chorar...


Maria Helena Amaro
abril,1970
(Concurso Pedro Homem de Melo) 

domingo, 23 de junho de 2013

Revolta




















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Se me encontrares na rua
não me perguntes nada...
Deixa passar quem leva
na alma tensa e ferida
a graça de calar...

É tão pesado
o fardo na subida,
é tão pesado que vou a soluçar!

Maldita seja
essa certeza de ter de perdoar!


Maria Helena Amaro
Abril, 1970
(Concurso Pedro Homem de Melo)
(Menção honrosa Fernando Pessoa)
         

sábado, 22 de junho de 2013

Cânticos


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Ai o cântico negro de amanhã,
ninguém o cante,
pois ele há de surgir,
sem ninguém o prever...
Mas o cântico branco do porvir
ninguém o cante
sem o tentar merecer...
Pois, só Deus sabe
que as nossas mãos unidas feitas prece,
mãos egoístas,
nunca se prendem em cruz sem receber...

Cantemos, sim,
a canção da Esperança
no encontro do sol que nos seguiu...
e se formos capazes,
de cantar um poema cada dia
não haverá cântico negro de amanhã
não haverá cântico branco de porvir.

Mas surgirá a eterna melodia
e cada problema a resolver
será um espinho na vida a florir...

Não acusemos a vida de mentir
porque a harpa do sonho está em nós
e a maré viva da Paz está na alma
de quem sonha ceder...

Dai-me uma gota de lama do caminho
que hei de pô-la azul,
branca de neve,
rosa ou lilás, mas toda pura e leve
e colocá-la nos olhos do menino
que a quiser reter...


Maria Helena Amaro
Inédito, abril, 1970
(Para o bebé Pedro Miguel)  

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Carta


















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Meu Amor
o temporal passou
e as ruínas que fez
o sol há de dourar...

Dá-me a tua mão
e deixa-me sonhar...
As velas brancas
da minha alma vestida de Pureza
ninguém há de rasgar...

Ainda creio em ti...
Dei-te o meu perdão
e se mais tivesse do Sonho e da Beleza
mais te quisera dar.


Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

domingo, 16 de junho de 2013

Prece II (1968)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Senhora do Perdão
Senhora dos olhos magoados
de vestes cor de céu
a rastejar o chão.

Eu venho aqui
e já não sei rezar
e já não sei pedir...

Menina fui
Menina fui até a Dor surgir...
Agora, não tenho que dizer...
Tenho um ramo de espinhos
dentro de mim,
a crescer, a crescer...

Trago as mãos vazias
próprio já não tenho nada
que vos possa ofertar...

Minha mãe,
Senhora do Perdão...

Deixa-me encostar ao vosso seio
a minha alma
cansada de chorar...

Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

sábado, 15 de junho de 2013

Prece I (1968)




















(Ilustração de Maria Helena Amaro)



Mostra-me o Sol!
Ensina-me a viver!
Horas amargas vivi em desatino
antes de te encontrar
no meu caminho...

Depois que te encontrei
tive da vida o que de melhor Deus
pode dar à mulher...

Agora
a alma toda em ferida
chaga aberta em dor feita degredo
peço-te de mãos erguidas...

Ensina-me a viver!
Eu tenho medo!


Maria Helena Amaro
(Concurso Pedro Homem de Melo)
Braga, 1968

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cidadela

 
(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Cidadela de Sonho onde morei
rodeada de Amor e de Beleza...
Perdi o tempo; o dia já não sei...
Vivo em pobreza.

Cidadela de luz onde me ergueste...
Tão feliz eu reiniciei...
Agora
Mendiga duma esperança que me enche
a alma, o corpo, o coração,
lá vou descalça pelo mundo fora
suspensa
dum milagre de Amor e de Pureza.


Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

domingo, 9 de junho de 2013

Mensagem (Ao Tono)




















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Para além de tudo, Amor,
existes tu...

Deixa-me chorar...
Deixa-me dizer...
Deixa-me gritar à minha dor
que existes tu!

Deus há de ajudar-nos
a guiar o barco naufragado...
Dá-me a tua mão...
Fecho os olhos.
Sorrio às flores belas do passado!

 
Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

sábado, 8 de junho de 2013

Asas



(Ilustração de Maria Helena Amaro) 


A minha alma
ergueu-se ao amanhecer
e vestiu-se de Esperança
para cantar...

Asas mortas
e voos destroçados
não a deixam voar...

Dá-me a tua Mão Senhor
Para que encoste nela
o meu rosto cansado
de chorar...



Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

quarta-feira, 5 de junho de 2013



















(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Minhas horas primeiras...
meus sonhos de pureza...
meu ideal de Fé nunca negado...
Barcos unidos e nunca separados...
Rumos iguais e nunca divididos...

Subi tão alto, Senhor
e queimei incenso a quem merecia pó...
Agora
os sonhos destroçados
são fantasmas de ideais vencidos.
Na dor
sinto-me só.


Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
(Concurso Pedro Homem de Melo)

domingo, 2 de junho de 2013

Nada



(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Tinha as mãos cheias de luz
e o caminho era longo a percorrer...
Acendi todas...
Ergui altares...
Chamei irmã à noite...
Quis morrer...

Ai, mas na noite ninguém ouviu meu choro
quando o altar caiu
e as tochas deixaram
de iluminar estradas...

As tochas apagadas
penumbras mortas ficaram-me nas mãos
vazias e paradas...


Maria Helena Amaro
Agosto, 1968
Menção Honrosa Concurso  Fernando Pessoa - Braga. 

sábado, 1 de junho de 2013

Poema (Ao Tono)




















(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Escrevo com os lábios no teu rosto
o mais belo de todos os poemas...
Guarda-o bem Amor!
Nas tuas mãos estreitas
cabe o mundo onde nasci e onde vivo
onde espero morrer...

Escrevo com os lábios no teu rosto
o mais belo de todos os poemas...
Perdoa as lágrimas que uso para o ler...
Perdoa os sonhos que vejo destroçados
Perdoa tudo...
Que a vida em si é toda feita em Dor
Que a vida em si é feita de bocados
que eu vou unindo aos poucos para viver...
Dá-me a tua mão,
olhos nos olhos, deixemo-nos nascer...


Maria Helena Amaro
(Concurso Pedro Homem de Melo)
19/08/1968